Fatores de risco associados à infecção em cateter venoso central para hemodiálise
Publication year: 2016
O cateter venoso central (CVC) é uma tecnologia dura amplamente utilizada em diversas situações clínicas de emergência e uma alternativa para pacientes que necessitam de hemodiálise (HD) que não possuem acesso vascular permanente. Embora, ainda muito utilizado para a HD, o CVC oferece algumas desvantagens, incluindo o risco para infecção da corrente sanguínea (ICS). A presente pesquisa tem como objetivo geral avaliar fatores de risco para infecção da corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central (CVC) de curta permanência para hemodiálise. Os objetivos específicos são identificar as ações realizadas pela equipe de saúde na inserção, manipulação e manutenção do CVC para HD e mensurar a incidência de infecção da corrente sanguínea, associada ao uso de CVC para HD. Trata-se de uma pesquisa com delineamento do tipo coorte prospectiva, com abordagem quantitativa, desenvolvida em um hospital de ensino na cidade de Curitiba/PR, nas unidades de Nefrologia, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Centro de Terapia Semi-intensiva (CTSI).
A pesquisa foi realizada com dois grupos de participantes:
grupo 1 com profissionais que realizam a inserção, manipulação e manutenção do CVC e o grupo 2 com pacientes que foram submetidos à inserção de CVC para HD. A coleta de dados ocorreu por meio de observação diária, direta e sistemática das ações de cuidados com o CVC. Utilizou-se um instrumento pré-elaborado do tipo checklist, e todos os procedimentos que envolviam o cateter desde a sua inserção, manipulação durante a HD e trocas de curativo, foram avaliados. Entre as ações de inserção foram observadas a degermação da pele, higiene das mãos e uso de barreira de precaução máxima. Na manutenção e manipulação foram observadas a higiene das mãos, o aspecto do sítio de inserção e as trocas de curativo. A amostra final foi composta por 69 pacientes que fizeram uso de 88 cateteres. Predominaram pacientes do sexo masculino (69,6%), com média de idade de 54,57 (± 15,9) anos, que estiveram internados em sua maioria no CTSI (39,1%). As variáveis sociodemográficas não apresentaram significância estatística com a ocorrência de infecção. Entre as variáveis clínicas, o tempo de internação foi significativo, mostrando que a permanência hospitalar por mais de 60 dias aumenta o risco de infecção em 7,13 vezes (p=0,0208). Os cateteres inseridos em veia femoral esquerda apresentaram risco 10,67 vezes maior de desenvolver infecção do que nos demais sítios de inserção (p=0,0383). Quanto às variáveis relacionadas à manipulação do CVC, pode-se observar que a higiene das mãos foi menos realizada no final da hemodiálise do que no início, da mesma forma que a fricção das mãos com álcool 70%. A troca do curativo com intervalo inferior a 24h aumentou o risco de infecção em 5,33 vezes (p=0,035). Conclui-se que os fatores de risco não estiveram relacionados com as práticas inadequadas dos profissionais, mas uma reavaliação dessas práticas poderão ter resultados positivos na melhoria do cuidado e consequentemente na redução dos índices de infecção.
The central venous catheter (CVC) is a hard technology widely used in various clinical emergencies and an alternative for patients that need hemodialysis (HD), but do not have permanent vascular access. Although it is still widely used for HD, the CVC offers some drawbacks, among which is the risk of bloodstream infection (BSI). The present research aims to evaluate risk factors for bloodstream infection associated with the use of short term CVC for HD. The specific objectives are to identify the actions carried out by the health team in the insertion, manipulation and maintenance of CVC for HD, and to measure the incidence of bloodstream infection associated with the use of CVC. It is a study with delineation of prospective cohort type and quantitative approach, developed in a teaching hospital in Curitiba in the state of Paraná, Brazil, in units of Nephrology, Intensive Care Unit (ICU) and Center of Semi-Intensive Therapy (CSIT). The research had two groups of participant - group 1: professionals who performed the insertion, manipulation and maintenance of the CVC and, group 2: patients who were submitted to the insertion of CVC for HD. The data collection occurred under daily direct systematic observation of the CVC. A pre-established checklist was used, and all the procedures that involved the catheter - from its insertion, manipulation during the HD to the bandage changing - were evaluated. Among the insertion actions observed were skin antisepsis, asepsis of hands and the use of maximum precautionary barrier. During the maintenance and manipulation processes, the asepsis of hands, the appearance of the place of insertion and the bandage changing were observed. The final sample was composed of 69 patients, who used 88 catheters. Male patients (69,6%) were predominant, at an average age of 54,57 (± 15,90) years, most of which had been hospitalized in the CSIT (39,1%). The socio-demographic variables showed no statistical relevance with the occurrence of infection. Among the clinical variables, the time of hospitalization was significant, showing that the stay in hospital for more than 60 days increases the risk of infection in 7,13 times (p=0,0208). The catheters inserted in left femoral showed greater risk in 10,67 times of developing infection than in the other insertion places (p=0,0383). As for the variables related to the manipulation of the CVC, it was possible to observe that the asepsis of hands was less practiced at the end of the HD than in the beginning, so as the friction of hands with alcohol 70%. The bandage changing performed with less than 24 hours interval increased the risk of infection in 5,33 times (p=0,035). It is concluded that the risk factors were not related to the inadequate practices of the professionals, but a reassessment of these practices could have positive results in the improvement of care and consequently in the reduction of infection rates.