A enfermeira desvelando o significado do atendimento às vítimas de violência sexual expresso pelos profissionais de saúde
Publication year: 2008
A violência sexual é um fenômeno complexo cujo atendimento deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar. Esse fenômeno afeta não só as vítimas, mas os profissionais de saúde que prestam o atendimento. Trata-se de pesquisa qualitativa de abordagem fenomenológica que teve como objetivo desvelar o significado da vivência no cuidar de vítimas de violência sexual. Foi realizada no período de dezembro de 2006 a março de 2007 com 12 profissionais de saúde dos centros de referência da cidade de Curitiba para atendimento às vítimas de violência sexual. A coleta dos discursos se deu mediante entrevista semi-estruturada gravada e sua análise seguiu os momentos da trajetória fenomenológica: descrição, redução e compreensão.
Desta emergiu os temas:
Marcas visíveis e invisíveis deixadas pelas vítimas de violência sexual nos corpos dos profissionais de saúde e Sentir-se impotente: um sentimento expresso por corporeidades cuidadoras de vítimas de violência sexual. As vítimas de violência sexual trazem em seu corpo as marcas visíveis e invisíveis de uma história vivenciada que causa dor, medo, angústia, depressão, sofrimento e, ao ser compartilhada com o profissional de saúde, afeta-o, gerando o sentimento de impotência por não conseguirem resolver o problema como desejam, uma vez que não tiveram, na formação acadêmica, embasamento teórico sobre a violência sexual nem vivências que propiciassem a reflexão. Assim, esta pesquisa aponta para a necessidade de se introduzir o tema em tela nos cursos de graduação e pós-graduação das áreas da saúde e humanas a fim de capacitar os profissionais para o cuidado com vítimas de violência sexual, promover a implantação de capacitação permanente nas instituições de saúde, além da criação de grupos dirigidos por um profissional especializado para que os profissionais da saúde, que cuidam dessas vitimas, possam trabalhar não apenas o sentimento de impotência, mas as experiências e sofrimentos compartilhados que vão acumulando e podem afetá-los na sua multidimensionalidade.
The sexual violence is a complex phenomenon which the attendance should be given by an multidisciplinary team. This phenomenon affects not only the victims, but the health professionals who take care of these victims. This work is about qualitative research of phenomenological approach that had as objective to show the meaning of the experience in taking care of victims of sexual violence. The present research was done from December 2006 to March 2007 with 12 professionals of health from the reference centers of sexual violence victims’ attendance in Curitiba. The collection of the speeches was made through a half-structuralized recorded interview and its analysis followed the moments of the phenomenological trajectory: description, reduction and understanding. From it, two points emerged: Visible and invisible marks left by the victims of sexual violence in the bodies of health professionals and Feeling impotent: a feeling expressed by the corporeity’s caring of sexual violence victims. It was evidenced that the victims of sexual violence bring in their bodies the visible and invisible marks of a deeply lived history that causes pain, fear, anguish, depression, suffering and when it is shared with the health professionals affects them, causing a feeling of impotence because the professionals cannot solve the problem as they desire, once they had had in the academic education neither theoretical basement on the sexual violence nor experiences that bring them to reflection. Thus, this research points out the necessity of introducing the subject in the graduation and after-graduation courses from health and human areas in order to enable the students to care victims of sexual violence, the implantation of permanent qualification in health institutions, beyond the creation of groups coordinated by a specialized professional so the professionals of health, who take care of these victims, can work, not only with the impotence feeling, but also the shared experiences and sufferings that are accumulated and can affect them in its multidimensional aspect.