Perfil da violência contra a mulher em Guarapuava-PR
Publication year: 2008
Trata-se de pesquisa retrospectiva, exploratória realizada na Delegacia da Mulher (DM) em Guarapuava no Paraná em 2008, com o objetivo de comparar o perfil da violência contra a mulher, um ano antes e durante o primeiro ano após a promulgação da Lei nº 11.340. Os dados foram coletados através de um instrumento elaborado, com base nas informações contidas nos boletins de Ocorrência e Inquéritos Policiais preenchidos no período de 22 de setembro de 2005 a 22 de setembro de 2007. Os resultados mostraram que tanto antes, como após a promulgação da Lei 11.340, a maioria das agressões foram praticadas nas residências das vítimas. Um total de 70,24% mulheres vítimas tinham idades entre 20 e 40 anos; 53,63% ensino fundamental incompleto; 36,5% eram do lar e 31,8% em pregadas domésticas; 34,1% amasiadas e 27,04% casadas; 84,69% da raça branca. Predominou a prática da violência psicológica (48,52%), seguida da física (33,81%). Os agressores eram companheiros ou ex-companheiros em 53,8% dos casos. Um total de 2,95% das vítimas registrou a ocorrência na Delegacia da Mulher (DM). Também em ambos os períodos estudados, um total de 79,29% procurou diretamente a DM; 19,87% foram encaminhadas à DM pela Polícia Militar e apenas 0,85% pelos serviços de saúde. Dos agressores, 86,4% estavam ausentes na DM após a violência. Um total de 13,1% dos agressores se encontravam embriagados durante a agressão; 0,34% sob efeito de drogas ilícitas. Das vítimas 0,17% estavam alcoolizadas; nenhuma sob efeitos de outras drogas. Em todo o período estudado a violência foi desencadeada principalmente por discussões entre vítimas e agressores (39,22%). A maioria (85,1%) não foi encaminhada pela equipe de Policiais da Delegacia da Mulher a outros serviços de apoio devido sua inexistência na região. Concluiu-se que a violência é um problema que afeta mulheres de diferentes idades, faixas etárias, estados civis, níveis de escolaridade e de profissões/ocupações diversas. É praticada principalmente por pessoas que convivem com as vítimas dentro de seus lares. Houve um aumento significativo no número de ocorrências registradas após a promulgação da Lei Maria da Penha. No período estudado, a maioria das mulheres vítimas tinham idade entre 20 e 40 anos, baixo nível de escolaridade, eram amasiadas, solteiras e casadas. As empregadas domésticas e as mulheres que se ocupam do lar, sofreram mais violência psicológica, seguida da física, perpetrada por companheiros e ex-companheiros, no interior de seus lares. Elas procuraram principalmente a Delegacia da Mulher, a Polícia Militar e uma minoria os serviços de saúde. Houve um aumento no número de arquivamentos e elaboração de Inquéritos Policiais, e, uma redução nos Termos Circunstanciados. Poucas foram encaminhadas ao IML ou serviços de saúde por não existir redes de apoio estruturadas na região para atendê-las. Necessário se faz capacitar os profissionais de saúde, e inserir o tema nas grades curriculares dos cursos de graduação e pós-graduação, a fim de prepará-los para perceber, notificar e prevenir a violência.
This is a retrospective exploratory research held at Women's Police Station (DM) in Guarapuava, state of Paraná in 2008, in order to compare the profile of violence against women, a year before and during the first year after the enactment of Law No. 11340. Data were collected through an instrument developed based on information contained in reports of occurrence and Police Investigations completed during the period within 22 September 2005 and 22 September 2007. The results showed that both before and after the promulgation of Law 11,340, the majority of assaults were committed in homes of victims. A total of 70.24% women victims were aged between 20 and 40 years, 53.63% primary school incomplete, 36.5% were housewives and 31.8% maids; 34.1% living with a partner and 27.04 % married, 84.69% white. The practice of psychological violence were major (48.52%), followed by physical (33.81%). The perpetrators were partners or ex-partners in 53.8% of cases. A total of 2.95% of victims reported the facts in the Women's Police Station (DM). Also in both periods studied, a total of 79.29% sought directly to DM, 19.87% were referred to the DM by the Military Police and only 0.85% by health services. 86.4% of the perpetrators were absent in the DM after the violence. A total of 13.1% of perpetrators were drunk during the attack, a 0.34% under effect of illicit drugs. 0.17% of the victims were alcoholic, no effects on other drugs. Throughout the study period the violence was triggered mainly by discussions between victims and offenders (39.22%). The majority (85.1%) was not sent by the team of the Police Precinct of Women to other services due to lack of support in the region. The conclusion was that violence is a problem that affects women of different ages, civil status, level of education and of varied professions/occupations. It is practiced mainly by people living with the victims within their homes. There was a significant increase in the number of events recorded after the promulgation of Law Maria da Penha. In the period studied, the majority of victims was aged between 20 and 40 years, low education level, were living with a partner, single or married. The maids and the housewives suffered more psychological abuse, followed by physical, perpetrated by partners and former partners, within their homes. They sought mainly to the Women Police Station, the military police and a minority the health services. There was an increase in the number of files and preparation of Police Investigations, and a reduction in the terms detailed. Few were referred to the IML or health services because there is no structured support network in the region to support them. It is necessary to train health professionals, and insert the subject in courses curriculum for graduation and post graduation in order to prepare for understanding, reporting and preventing violence.