Perspectiva temporal e fatores associados entre pessoas que vivem com HIV: implicações para o cuidado de saúde
Publication year: 2019
O objetivo deste estudo foi analisar as associações estabelecidas das variáveis sociodemográficas, clínicas, comportamentais e atitudinais com as perspectivas temporais assumidas por pessoas vivendo com HIV, com vistas a contribuir para o planejamento do cuidado de saúde e do autocuidado. Realizou-se um estudo analítico transversal, com 281 pessoas vivendo com HIV nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói acompanhadas em centros de referência de atendimento a pessoa com HIV. Adotou-se a amostragem do tipo não probabilística, de conveniência, escolhida a partir de informações disponibilizadas pelos serviços do quantitativo de clientes em seguimento compondo o universo deste estudo. Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados, a saber: o instrumento de dados sociodemográficos, clínicos, comportamentais e atitudinais(variáveis independentes); e o Inventário de Perspectiva Temporal do Zimbardo – ZTPI (variáveis dependentes). A análise de dados foi realizada através do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 22.0. A análise dos dados referentes aos aspectos sociodemográficos se deu por meio de medidas de tendência central e de dispersão. Após verificação das análises de correlação foram realizadas análises de regressão linear simples e múltipla que foram conduzidas para avaliar a relação das variáveis sociodemográficas, clínicas, comportamentais e atitudinais com os escores de cada subescala da perspectiva temporal. Na avaliação da perspectiva temporal, encontrou-se escores médios que variaram de 2,75 (presente hedonista) a 3,85 (futuro). Nesse sentido, verificou-se que as pessoas que vivem com HIV da amostra estudada apresentaram maior orientação para o futuro e menor orientação para o presente fatalista e presente hedonista; a maior escolaridade foi associada a menor orientação para o passado negativo, enquanto que considerar-se doente favoreceu a orientação para o passado negativo; o maior tempo de uso da TARV foi associado a menor orientação para o passado positivo, enquanto que o estado de saúde positiva favoreceu a orientação para o passado positivo; a maior idade, o sexo feminino e o uso da TARV favoreceram a orientação para o presente fatalista, enquanto que a maior escolaridade foi associada a menor orientação para essa dimensão temporal; as maiores idade e escolaridade foram associadas a menor orientação para o presente hedonista; a ocupação com atividade remunerada e o estado de saúde positiva favoreceram a orientação para o futuro. Ressalta-se a importância de estudos futuros sobre a temática e, na prática, recomenda-se aos profissionais da saúde escuta qualificada através do acolhimento, no atendimento a pessoa vivendo com o HIV/aids. Esses profissionais ao considerarem a perspectiva temporal como preditor de comportamentos favoráveis ou de risco à saúde, poderão estimular o indivíduo a ser protagonista do autocuidado e seguir uma vida saudável, especialmente se envidarem esforços para uma abordagem integral do cuidado em saúde.
The objective of this study was to analyze the established associations of sociodemographic, clinical, behavioral and attitudinal variables with the time perspectives assumed by people living with HIV, with a view to contributing to the planning of health care and self-care. A cross-sectional analytical study was carried out, with 281 people living with HIV in the cities of Rio de Janeiro and Niteroi-Brazil, users who used referral centers to care for people with HIV. Non-probabilistic sampling, of convenience, was chosen, based on the information provided by the services of the quantitative of clients in a follow-up, composing the universe of this study.