História oral de vida de mulheres que vivenciaram violência doméstica
Publication year: 2017
A violência contra a mulher faz parte do cotidiano das cidades, dos países e de todo o mundo, sendo um problema de saúde pública global crescente diariamente, de característica grave e importante, pois se tratade um crime;portanto, merece atenção dos setores públicos e da atenção à saúde das mulheres. Algumas permanecem no ciclo da violência doméstica por muitos anos ou por toda a vida;no entanto, algumas procuram meios para superar e buscar romper o ciclo. Assim, este estudo tem como objetivos: Conhecer a história de vida de mulheres que vivenciam a violência doméstica; Investigar como se desenvolveu o processo de violênciadoméstica na vida dessas mulheres;Identificar as estratégias utilizadas por essas mulheres no enfrentamento da violência domésticae Revelar se ficaram sequelas após o rompimento do ciclo da violênciadoméstica.Para a produção domaterial empírico, utilizou-se a técnica da História oral de vida com cincomulheres, indicadas pelo Centro de Referência de atendimento àmulher, no município de Campina Grande/PB. A análise e a interpretação do material foram feitas com base nas unidades de significado (temas)mais evidentes e constantes nas narrativas e no tom vital de cada história. Assim, foram elaboradososseguintes eixostemáticos: Eixo temáticoI: Trajetória de vida de mulheres sertanejas que vivenciam violência doméstica; Subeixo temáticoI –O desabrochar das flores entre os espinhos; Eixo temáticoII –O rompimento do ciclo da violência doméstica: Enfrentamentos ede movimentossuperação; Eixo temáticoIII –Flores Machucadas: Marcas que ficaramda violência doméstica.O estudo seguiu as observâncias éticas propostas pela Resolução 466/12, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob CAAE: 50968615.5.0000.5188. Nas histórias narradas, observou-se que as mulheres fizeram referência a uma repetição da história de suasgenitorasem suas vidas,relacionando a situação de violência vivenciada por suasmãese reproduzida em seusrelacionamentos.Narramteremvivido o primeiro momento de violência na adolescência eque as agressões físicas seiniciaram ou se intensificaram durante o período gestacional e o silêncio esteve presente por muito tempo em suas relações até a denúncia.Relatam teremvivido violênciafísica, psicológica, patrimonial, institucional e sexual. Essas mulheres conseguiram iniciar um processo de empoderamento, na medida em que descobriram o seu potencial interior, e foram capazes de se autodefender, conquistar, avançar e superar não somente as adversidades, mas tambémos obstáculos que as mantinham no ciclo da violência. Estava presente também em suas narrativas após o rompimento do ciclo o medo de novos relacionamentos e a solidão. Portanto, elenca-seo apoio de profissionais de todos os setores envolvidos no enfrentamento da violência doméstica,na perspectiva de promover autonomia e empoderamentoàsmulheres em situação de violência para lhes dar suporte no processo de resiliência. (AU)
Violence against women is part of everyday life in cities, countries and worldwide. It is a daily, growing, serious public health problem which is important because it is also a crime; Therefore, deserves the public sectors ́ attention regarding women's health. Some individuals remain in the domestic violence cycle for many years or for life; however, some seek ways to overcomeand break the cycle. Thus, this study aims to: Know the life history of women who experience domestic violence; To investigate how the domestic violence process has developed in their lives; Identify the strategies used by these women in facing domestic violence and disclose if there were any sequels left after the domestic violence cycle was broke. To produce the empirical material, the oral life history technique -indicated by the Reference Center for Women's Care in the city of Campina Grande/PB -was used with five women. The analysis and interpretation of the material was based on the meaning units (themes) which were more evident and constant in the narratives and in the vital tone of each story. Thus, the following thematic axes were elaborated: Thematic axis I: Life trajectory of countryside women who experience domestic violence; Sub-theme I -The blossoming of flowers among the spines; Thematic axis II -Breaking the domestic violence cycle: Facing and overcoming movements; Thematic Axis III -Injured Flowers: Marks left by domestic violence. The study followed the ethical observances proposed by Resolution 466/12 and was approved by the Research Ethics Committee under CAAE: 50968615.5.0000.5188. In the narrated stories, it was observed that the women referred to their mothers ́ history repetition in their lives, relating the violence situation experienced by their mothers and reproduced in their relationships. They report to had experienced the first moment of violence in their adolescence and that the physical aggression began or intensified during the gestational period and silence was present for a long time in their relationships until the complaint. They report having experienced physical, psychological, patrimonial, institutional and sexual violence. These women were able to initiate an empowerment process as they discovered their inner potential and were able to self-defend, conquer, advance and overcome not only the adversities but also the obstacles that kept them trapped in the cycle of violence. It was also present in their narratives, after the cycle break, the fear of new relationships and loneliness. Therefore, the support of professionals from all sectors involved in facing domestic violence is encouraged, promoting women autonomy and empowerment in violent situations to support them in the process of resilience. (AU)