Vulnerabilidade para IST/aids em mulheres encarceradas
Publication year: 2019
A condição de vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis e à Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (IST/aids) é aumentada nas mulheres encarceradas. Os fatores associados a esse aumento estão relacionados às condutas sexuais adotadas por essas mulheres, em que a multiparceria, a prática do sexo desprotegido, assim como as modificações histórico-culturais decorrentes do ambiente prisional, associadas às relações interpessoais e intrapsíquicas, norteiam roteiros sexuais de risco.
O estudo objetivou:
analisar as dimensões de vulnerabilidade às IST/aids das mulheres encarceradas, considerando suas condutas sexuais (práticas/atitudes, comportamentos); descrever as condutas sexuais das mulheres encarceradas; e discutir as ações de prevenção e enfrentamento das IST/aids de mulheres encarceradas, segundo dimensões de vulnerabilidades. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza descritiva e exploratória, utilizando o método teórico-metodológico narrativa de vida segundo Bertaux. Fundamenta sua análise na teoria dos scripts sexuais de Gagnon e Simon e nas dimensões da vulnerabilidade de Ayres. O cenário de estudo foi o Conjunto Penal de Jequié (CPJ), na Bahia. Os dados foram coletados por meio da entrevista aberta, individual e gravada com 15 mulheres encarceradas. O estudo obedeceu ao disposto na Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), sendo aprovado sob CAAE 64271316.2.0000.0055. A análise dos dados foi realizada por meio da análise temática de Bertaux. Os resultados apontam que as mulheres encarceradas adotam condutas sexuais de risco por meio dos seus roteiros sexuais anteriores e posteriores à estadia no presídio, sendo vulneráveis às IST/aids. As normas institucionais do sistema prisional tendem a colaborar para reduzir a vulnerabilidade às IST/AIDS, porém ainda há dificuldades, principalmente no que se refere à supervisão do sexo seguro dos encontros íntimos e da prática de multiparceria. Além disso, a dificuldade de acesso a serviços ginecológicos e de preservativos por parte das mulheres são apontados como fatores que aumentam a vulnerabilidade para IST/aids nesse cenário. Tomando por base os roteiros sexuais adotados pelas mulheres encarceradas, as relações sociais e institucionais a que estão submetidas, concluímos que essas mulheres se encontram em situação de vulnerabilidade individual, social e programática para IST/aids. Nesse sentido, torna-se necessário repensar as ações de prevenção às IST/aids aplicadas às mulheres encarceradas, ofertando o direito das visitas íntimas conforme determina a Lei de Execuções Penais (LEP), coibindo a prática da promiscuidade em módulos masculinos, intensificando as atividades educativas, fornecendo preservativos e assistência à saúde eficaz. Além disso, sugerimos fomentar maiores discussões e inserir, na formação dos profissionais de saúde, a atenção à saúde da população carcerária.
The condition of vulnerability to sexually transmitted infections and Acquired Immunodeficiency Syndrome (STI / AIDS) is increased in incarcerated women. The factors associated with this increase are related to the sexual behaviors adopted by these women, in which multi-partnership, the practice of unprotected sex, as well as the historical-cultural changes resulting from the prison environment, associated with interpersonal and intrapsychic relations, guide sexual risk.