O pensar, o sentir, e o agir da enfermeira no exercício da supervisão na rede SUS local: o (re)velado de uma práxis
Thinking, feeling and acting of the nurse in exercising supervision in the local health-care network(dis)covering a praxis
Publication year: 1999
Esta investigação teve como objetivos conhecer e analisar as representações sociais das enfermeiras que atuam na rede SUS de Feira de Santana-Bahia-Brasil sobre a supervisão em enfermagem e, problematizar o processo de supervisão local naperspectiva de construção de "um fazer saúde" centrado na democratização da saúde. Trata-se de um estudo de caso realizado com onze enfermeiras, onde a supervisão em enfermagem é discutida sob a ótica do processo de trabalho de gerenciamentoinserido no processo de produção em saúde. Utilizou-se para a coleta de dados, a entrevista e a técnica de grupo focal. Na análise, identificou-se três unidades de significação: compreensão sobre supervisão em enfermagem (o pensar); ossentimentos, as emoções e as relações interpessoais (o sentir); e o cotidiano da supervisão (o agir). As representações sociais das enfermeiras sobre a supervisão sinalizam um pensar fundamentado na racionalidade instrumental, que configuraforteinfluência nas teorias administrativas tradicionais, cristalizado pela dominação/subordinação, onde o controle, o ensino e poder vem permeando esta prática, o que imprime um atributo de trabalho reiterativo e uma visão ingênua aí embutida;aponta ainda, para um redimensionamento de visão, que requer uma recriação de práticas constituídas e constituíntes. O sentir decorre da clivagem existente entre o sentir e o pensar, reforçando o fazer em detrimento do pensar, que édeterminadoe determina a própria condição de trabalho, caracterizando-se pelo distanciamento e a negação das emoções pela enfermeira. No agir, a enfermeira no exercício da supervisão sedimenta a divisão técnica e social do trabalho e apresentacomportamento contraditório entre o que acredita como racional (consciência social) e real (sentido pessoal). Estas representações envolvem intersubjetividades e são definidas através da relação entre o pensar, sentir e agir no exercíciodafunção, quer a ) partir de contradições ou de complementariedades historicamente constituídas. São eixos de atravessamento e uma vez que estão em interjogo permanente e mutuamente imbricados, são potências de limites para a transversalidade. Oestudo aponta caminhos alternativos em busca de superação da supervisão como prática reiterativa, rumo à descentralização e municipalização da saúde local, como espaço estratégico dos atores/sujeitos sociais coletivos que podem reinterpretar etransformar o pensar, o sentir e o agir na construção do vínculo, acolhimento e resolutividade
The objective of this investigation was to discover and analyze the social representations concerning nursing supervision of nurses working in the health-care network (SUS) of Feira de Santana, Bahia, Brasil, and to problematize the processoflocal supervision from the perspective of constructing a 'making well' centred in the democratization of health. It presents a case-study of eleven nurses, where nursing supervision is discussed from the viewpoint of the process of the work ofmanagement inserted into the process of production in health. Data-collection was carried out through interviews and through the technique of focus-groups. In the analysis, three units of signification were identified: understanding ofsupervision in nursing (thinking); feelings, emotions and interpersonal relations (feeling); and the everyday activities of supervision (acting). The social repreentations of the nurses regarding supervision signalled a thinking based oninstrumental reasoning, representing a strong influence from traditional administrative theories, crystallizing in domination/subordination, where control, instruction and power permeate the practice, imprinting an atribute of repetitive workand a built-in naive vision; pointing to a re-dimensioning of vision, which requires a re-creation of constituent and constitutive practices. Feeling results from the cleavage existing between feeling and thinking, reiforcing doing to thedetriment of thinking, which is determined by anddetermines the condition of work itself, being characterized by the nurse's distancing and denial of emotions. In acting, the nurse exercising supervision silts up the technical and social dividein the work, presenting contradictory behavior with respect to what is believed through the reason (social consciousness) and in reality (personal feeling). These representations involve inter-subjectivities and are defined through the relationof thinking, feeling and acting in the exercise of the function, whether starting from contradictions or historically constituted complementarities. They are axes of crossing and once they are in permanent interplay and mutuallyoverlapped, they are potential limits to transversality. The study points to alternative ways in the quest for overcoming supervision as a repetitive process, towards the decentralization and municipalization of local health, as a strategicspace for public actors/subjects who can reinterpret and transform thinking, feeling and acting in the construction of links, welcoming and decisiveness