Efeitos da alocação de recursos humanos e da carga de trabalho de enfermagem nos resultados da assistência em unidades de terapia intensiva
The effects of human resources allocation and nursing workload on assistance results in intensive care units

Publication year: 2007

Estudo quantitativo, descritivo e prospectivo, realizado com o objetivo de analisar os efeitos da alocação de recursos humanos e da carga de trabalho de enfermagem nos resultados da assistência em duas unidades de terapia intensiva (UTIs), uma geral (UTI Geral) e outra cardiovascular (UTI-CV), com 25 leitos cada, de um hospital privado do município de São Paulo. Utilizou-se uma metodologia capaz de abranger 87% da variação dos cuidados requeridos pelos pacientes, composta por itens que incluem a dimensão biológica e psico-social do cuidado: o Patient Focused Solutions/Workload Measurement-Inpatient Methodology (PFS/WM-IM).

Foram considerados indicadores de resultado:

queda, erro de medicação, extubação não planejada, retirada acidental de cateter venoso central, retirada não programada de sonda nasogástrica, úlcera por pressão (UP), infecção urinária (ITU) e pneumonia desenvolvidas durante a internação hospitalar. Os dados foram obtidos dos prontuários e dos registros da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, além da escala diária de pessoal de enfermagem. Após 46 dias consecutivos de coleta de dados, a amostra final foi composta por 328 pacientes, sendo 166 da UTI Geral e 162 da UTI-CV. Observou-se predomínio de pacientes do gênero masculino (cerca de 56,0% em cada unidade), presença de idosos com 61 anos ou mais (65,1%), na UTI Geral, e entre 41 e 60 anos, na UTI-CV (48,2%), submetidos a tratamento clínico (54,8% na UTI Geral e 79,6% na UTI-CV) e médiade internação de 11,0 (±28,0) e 14,2 (±52,9) dias, nas UTIs Geral e CV, respectivamente. A maioria dos pacientes da UTI Geral foi proveniente do centro cirúrgico (41,6%) e da UTI-CV do pronto atendimento (51,9%). Após a alta, proporção semelhante de pacientes das duas Unidades (cerca de 56,0%) foram transferidos para a unidade de internação. A mortalidade observada no período foi de, respectivamente, 9,6% e ) 14,8% nas UTIs Geral e CV. Com relação à ocorrência de eventos adversos (EAs), na UTI Geral, 20 pacientes (12,0%) sofreram 26 EAs, ou seja, 14 e 6 pacientes foram vítimas de 1 e 2 eventos, respectivamente, sendo 11 retiradas não programadas de sondas nasogástrica, 5 UP, 3 erros de medicação, 2 retiradas acidentais de cateteres venosos central, 2 pneumonias, 2 ITU e 1 extubação não planejada. Na UTI-CV 9 pacientes (5,6%) sofreram 14 EAs, ou seja, 5, 3 e 1 pacientes sofreram 1, 2 e 3 EAs, respectivamente, sendo 5 UP, 4 ITU, 2 erros de medicação, 2 pneumonias, 1 retirada não programada de sonda nasogástrica. Os pacientes foram classificados predominantemente nas categorias 4 e 5 (média e alta complexidade de cuidados de enfermagem). Observou-se, em cada UTI, em média, 1 enfermeiro para 8 pacientes e 1 técnico de enfermagem para, no máximo, 2 pacientes. A média de horas disponíveis de enfermagem foi maior do que o recomendado pelo PFS/WM-IM, respectivamente 15,3 e 13,4h na UTI Geral.
This was a prospective, descriptive an quantitative study, performed with the aim of analyzing the effects of human resources allocation and nursing workload on the assistance results in two intensive care units (ICUs), a General one (General ICU) and Cardiovascular one (CV-ICU) with 25 beds each from a private hospital in the city of São Paulo, Brazil. It was adopted a methodology able to reach 87% of the variation of care required by patients.

This methodology was composed by items that include the both the biological and psychosocial dimension concerning care:

o Patient Focused Solutions/Workload Measurement-Inpatient Methodology (PFS/WM-IM). It was considered result indicators such as fall, medication errors, unplanned extubation, unplanned withdrawal central venous catheter, unplanned withdrawal nasogastric probe, hospital acquired decubitus ulcer (PU), urinary tract infection (UTI) and pneumonia developed during hospital care. The data were collected from the medical reports and registers of the Commission for Hospital Infection Control, as well as the daily work schedule from the nursing staff. After 46 consecutive days of data collection, the final sample was composed by 328 patients - 166 in the General ICU and 162 in the CV-ICU. It was observed a predominance of male patients (about 56.0% in each unit), the presence of elderly aging 61 or more (65.1%) in the General ICU and 41-60 years in the CV-ICU (48.2%), who had undergone clinical treatment (54.8% in theGeneral ICU and 79.6% in the CV-ICU) and admission average of 11.0 (±28.0) days and 14.2 (+ 52.9) days in the General ICU and CV-ICU respectively. After the discharge, similar proportion of patients from both units (about 56.0%) was transferred to the admission unit. The mortality rate observed in this period was of 9.6% and 14.8% respectively in both units, General ICU and CV-ICU. With relation to the occurrence of adverse events (AEs), in the General ICU, 20 patients (12.0%) suffered 26 AEs, that is, 14 and 6 patients were victims of 1 and 2 events respectively. From these, 13 unplanned withdrawal nasogastric probe, 5 PU, 3 medication errors, 2 unplanned withdrawal central venous catheter, 2 pneumonias, 2 UTI and 1 unplanned extubation). In the CV-ICU, 9 patients (5.6%) suffered 14 AEs, that is, 5, 3 and 1 patients suffered 1, 2 and 3 AEs, respectively being 5 PU, 4 UTI, 2 medication errors, 2 pneumonias, 1 unplanned withdrawal nasogastric probe. The patients were predominantly classified into categories 4 and 5 (medium and high nursing care complexity). It was observed, in each ICU, on an average, 1 nurse for every 8 patients, 1 nurse technician for 2 patients the most. The average nursing hours available were higher than the recommended by the PFS/WM-IM, 15.3 and 13.4 in the General ICU and 16.4 and 14.1 hour in the CV-ICU.