O cotidiano nos espaços de morar e habitar em saúde mental
Daily life in mental health living inhabiting spaces
Publication year: 2007
Como conseqüência dos processos de desinstitucionalização psiquiátrica, situam-se as moradias para pessoas com sofrimento psíquico com longo tempo de internação psiquiátrica, que retornam ao território. O presente estudo teve como objetivo narrar e refletir sobre o cotidiano de duas moradias para pessoas com transtornos mentais na cidade de Londres, Reino Unido, de 2002 a 2005. O caminho metodológico emergiu sob a abordagem qualitativa, com o uso da narrativa como recurso metodológico. Essas moradias abrigavam 11 pessoas de diferentes crenças e nacionalidades, tendo em comum o diagnóstico de doenças mentais crônicas e com diversos graus de dependência de cuidados em seu cotidiano, necessitando de atenção nas 24h. O acompanhamento dos moradores era realizado pelos profissionais, que não tinham necessariamente uma formação técnica na área da saúde. Estes recebiam treinamento específico para o acompanhamento e auxílio das atividades diárias dentro e fora da residência. Entre os cuidadores e os profissionais de saúde, que atuavam havia diferenças no olhar e no cuidar de cada morador. Nestas moradias, a convivência suscitou uma reflexão sobre o cotidiano das práticas de cuidado em saúde mental no ambiente de uma moradia e a noção de habitar. Destacaram-se como pontos que merecem atenção: as possibilidades de reconstrução de vidas dentro dessas moradias; as diferenças entre morar e habitar; a importância de se valorizar as ações diárias realizadas no cotidiano dessesespaços como possibilidades de resgatar as subjetividades de todos seus habitantes.
As a consequence of the deinstitutionalizationof psychiatric patients, housing for people who have suffered long term institutionalization and are now back in society comes to light. This research narrates and reflects about the daily life of two care homes for people with mental disorders in the city of London, England, between 2002 and 2005. A qualitative approach was followed, with the use of narrative as a methodological resource. Eleven people lived in these particular homes, having in common the diagnostic of chronic mental health problems with varied levels of dependency, needing care 24 hours a day. The patients were aided by workers who did not necessarily have a technical degree in health care. These workers received specific training for handling daily activities inside and out of the homes. Between the care workers and the health professionals involved in caring, there were differences in how they envisioned the patients care needs. In these homes, the daily routine suscitated reflexion about mental health practices in a care home and the notion of \"inhabiting\".