As práticas de vigilância na supervisão técnica de saúde do Butantã - São Paulo (SP): perspectivas para o alcance da vigilância à saúde
Surveillance practices of health technical supervision of Butantã - São Paulo (SP): perspectives to attain health surveillance

Publication year: 2007

A Vigilância à Saúde se constitui como Modelo Assistencial com potencial para a reorganização dos processos de trabalho, a partir da análise de problemas de saúde de grupos sociais de determinado território, valendo-se da intersetorialidade e da participação popular. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo, geral, identificar e analisar a estruturação das ações de vigilância no âmbito da Atenção Básica à Saúde em uma região de saúde. Para tanto, foram entrevistados gerentes de Unidades Básicas de Saúde, da Supervisão de Vigilância Epidemiológica e trabalhadores responsáveis pela Vigilância Epidemiológica de Unidades Básicas de Saúde da Supervisão Técnica de Saúde do Butantã, no Município de São Paulo, totalizando 14 sujeitos. As entrevistas, realizadas no período de fevereiro a abril de 2006, foram gravadas e transcritas na íntegra, sendo resguardadas as devidas precauções éticas. O material foi analisado segundo técnica apropriada de análise de discurso, no marco teórico materialista histórico e dialético dos conceitos de processos de trabalho e saúde-doença. A vigilância epidemiológica constituiu-se como a prática predominante, incluindo seus instrumentos de trabalho tradicionais. Os principais agentes desse trabalho são a enfermeira, que mais se detém no gerenciamento das ações; os auxiliares de enfermagem, voltados para a intervenção sobre os processos de adoecimento; e os agentes comunitários de saúde em ações no âmbito extra-muros. O trabalhose apresentou fragmentado, com ações pontuais, restritas ao evento (a doença ou o surto), sem alcançar a prevenção da saúde e com tendência à alienação do trabalhador. Por outro lado, verificou-se, principalmente, que os profissionais interpretavam a vigilância à saúde de duas formas: pela ampliação do objeto da vigilância epidemiológica e integrando-se a assistência à informação em saúde; e como prática que ) organiza o serviço, considerando-se a unidade dialética indivíduo/coletivo que habita o território adstcrito à Unidade Básica de Saúde. Esta ultima ainda contempla a participação da população na detecção de problemas e no planejamento das ações, assim como a intersetorialidade, para alcançar a promoção da saúde. A contradição entre o conteúdo dos depoimentos e a prática da vigilância à saúde foi evidente em todas unidades investigadas. Foram identificados como limitantes para a implementação da vigilância à saúde, a precariedade de estrutura para o trabalho, incluindo a insuficiência quantitativa de recursos humanos, assim como em relação à qualificação profissional apropriada; a precariedade de recursos materiais e físicos; além da falta de incentivo político-gerencial e de participação da população para operar as ações de vigilância no sentido ampliado. Conclui-se que, no nível local, reside um potencial para transformar a organização do trabalho em saúde, atendendo-se às necessidades de saúde da população, através do Modelo da Vigilância à Saúde, a partir dotrabalho em equipe e da integração da assistência à informação em saúde. Para tanto, é imprescindível a participação ativa e aliada dos trabalhadores e usuários de saúde, bem como a implantação da Educação Permanente em Saúde no âmbito das Supervisões Técnicas de Saúde para se alavancar e acompanhar esse processo.
The Health Surveillance is constituted as an Assistance Model with potential to reorganize work processes, from the analysis of health problems of social groups in a specific territory, using the intersectoriality and the population participation. In this sense, the present study aimed, in general, to identify and analyze the structure of surveillance actions in the scope of Basic Health Attention in a determined region for health care. For doing so, managers of Health Basic Units, Epidemiologic Surveillance Supervision and workers responsible for Epidemiologic of Health Care Units from the Health Technical Supervision of Butantã were interviewed in the city of Sao Paulo, making up 14 subjects. The interviews were made between February and April 2006, recorded and completely transcript, keeping the ethical precautions. The material was analyzed according to appropriate technique of discourse analysis, in the historic materialist theoretical mark and dialectic of concepts of health-disease and the processes of work. The epidemiological surveillance is seen as predominant practice, including its instruments of traditional work. The main agents in this work are the nurses, who mostly manage these acts; the nursing auxiliaries, turned to the intervention on the sickening process; and the health community agents in actions of outreach scope. Their work was found fragmented, with punctual actions restricted to the event (the illness or outbreak), withoutachieving health prevention and tended to alienate the worker. On the other hand, it was verified, mainly, that providers interpreted health surveillance in two ways: by the amplification of the object of epidemiologic surveillance and integrate it to assistance of health information, and a practice that organizes the service, considering itself as an individual/collective dialectics unit that resides the territory enlisted in the Basic health Unit. The latter still contemplates the participation of the population in detecting the problems and planning the actions, as well as intersectoriality to attain health promotion. The contradiction between statement content and the practice of health surveillance was evident in all the units searched. The precariousness of work structure, including the quantitative insufficiency of human resources, as well as related to the appropriateness of professional qualification; the precariousness of physical and material resources were all identified as barriers to implement health surveillance; besides the lack of management-political funding and the participation of the population to develop surveillance actions in a broad sense. It can be concluded that, in a local level, there is a potential to change the organization of health work, meeting the health needs of the population through a Health Surveillance Model, by teamwork and the integration of assistance in health information. For doing that, it’s imperative the active andallied participation of health workers and their users, as well as the implementation of Permanent Education in Health in the scope of Health Technical Supervisions to get it on and follow up this process.