O monitoramento das condições de vida e de saúde: uma abordagem a partir da percepção dos moradores do território
Publication year: 2007
A proposta do "Alerta Continuado em Saúde Coletiva" advoga o monitoramento das condições de vida e de saúde no território, apostando que este deve incorporar indicadores de morbi-mortalidade e indicadores sociais, além daqueles que dizem respeito às necessidades dos sujeitos. Para conseguir captar as necessidades dos sujeitos, o "Alerta Continuado em Saúde Coletiva" propõe a inclusão da categoria Processo Saúde-Doença, pois esta possibilita a obtenção de informações relativas a queixas ou patologias, na perspectiva dos sujeitos. Isso possibilitaria a elaboração de propostas de intervenção intersetoriais voltada para a construção de um atendimento integral.
Os objetivos colocados para essa pesquisa foram:
identificar a percepção dos indivíduos sobre o processo saúde-doença e discutir as possibilidades e limites dessa percepção para a proposta do "Alerta Continuado em Saúde Coletiva". Esta é uma pesquisa qualitativa e foi desenvolvida na coordenação regional de saúde do Butantã, no município de São Paulo/SP. Foram sujeitos da pesquisa 18 usuários, de seis unidades básicas de saúde, localizadas nesta coordenação regional. Os dados foram coletados mediante entrevistas e para tanto se utilizou um roteiro com perguntas semi-estruturadas. O material empírico foi organizado com base no método de Discurso do Sujeito Coletivo e na técnica de análise de conteúdo. Os discursos possibilitaram identificar que os entrevistados possuem um conceito de saúde baseado nasconcepções mágicas, de castigo ou benção de Deus. Alguns discursos se apóiam nas concepções de promoção da saúde e de estilo de vida saudável e outros reduzem saúde à ausência de doença. Na percepção dos entrevistados os problemas de saúde do bairro são falta de higiene das pessoas; má alimentação e falta de hábitos saudáveis, estes dois últimos devido à situação de pobreza. Quando se fala sobre problema de saúde na perspectiva individual/familiar este é concebido como a presença de uma (ou mais) patologias, nos membros da família. Para os entrevistados os problemas de saúde das famílias trazem dificuldades porque interrompem o "modo de andar a vida" dos mesmos. Segundo os entrevistados, as Unidades de Saúde precisariam ampliar o acesso aos serviços ofertados, em quantidade e em qualidade, para ajudar as pessoas a enfrentarem seus problemas de saúde. Os entrevistados apontam ser imprescindível que as Unidades de Saúde ofereçam medicamentos, exames diagnósticos complexos e consultas com especialistas, rapidamente, e que realizem o atendimento na forma de Pronto Atendimento. Conclui-se que o diagnóstico objetivo de um território, realizado com base em dados epidemiológicos, de morbidade e mortalidade, é importante para o monitoramento das condições de vida e de saúde da comunidade, contudo a inclusão de dados subjetivos nesse diagnóstico se faz necessária para a Vigilância da Saúde. A categoria processo saúde-doença proposta no"Alerta Continuado em Saúde Coletiva" possibilita essa inovação na articulação objetivo-subjetivo para a composição de perfis epidemiológicos regionais, pois busca combinar a análise epidemiológica com a história de produção do problema coletivo de saúde, através da captação e interpretação das falas e das percepções dos usuários. Tal combinação se mostrou muito eficaz para revelar nós crítico e intervenções intersetoriais na região.
The proposal of "On Going Alelrt in Collective Health" advocates monitoring health and life conditions in a small territory or community. This monitoring isn´t reduced to morbid and mortality indicators, but utilize social indicators and information that should describe individual needs. For capture the individual needs we propose the health-illness category. Through this category we should have information about complaint of health and disease features, referred by individual and families. The identification of this information could help us to discriminate families and social groups more vulnerable. If we have this information we can develop actions, in partnership with others social sectors, direct to a comprehensive care.