O acolhimento e a produção do cuidado em saúde mental na Atenção Básica: uma cartografia do trabalho em equipe
The user embracement and the mental health production in Primary Health Care: a patient health team´s cartography
Publication year: 2008
Fazem parte do campo da Atenção Básica à Saúde diversos elementos que compõem a vida das pessoas e que podem produzir ou agravar o sofrimento mental, demandando um cuidado que considere o modo como são produzidas as condições de existência do sujeito, estratégia que depende da rede de relações estabelecidas entre os trabalhadores do serviço porqueas novas práticas em saúde, com vistas à integralidade da atenção, exigem uma interação entre diferentes saberes e fazeres. O objetivo desta pesquisa foi caracterizar a produção do cuidado em saúde mental de uma Unidade Básica de Saúde, tomando como analisador do trabalho em equipe o acolhimento, mediante sua potência em resgatar a humanização das relações e o espaço do trabalho como um lugar de sujeitos. Trata-se de um estudo de caso exploratório e descritivo, do qual participaram trabalhadores de saúde, de diferentes profissões, que fazem parte dos processos de trabalho em saúde mental do serviço. As técnicas de coleta de dados empregadas foram o grupo focal e o fluxograma analisador; os dados obtidos foram submetidos à análise de conteúdo do tipo temática, gerando quatro categorias empíricas: 1) O mapa afetivo dos primeiros agenciamentos: o conflito como motor de mudanças - a construção de uma equipe de saúde mental no serviço, através de uma sinergia transformadora da concepção do cuidado, disparando ações conjuntas que abriram os fluxos conectivos entre os profissionais, a partir da releitura de sua própria práxis edo enfrentamento dos conflitos: 2) O acolhimento como um analisador da organização do trabalho em equipe - o fluxograma revelando que as redes de conversa entre os diversos trabalhadores, no serviço, multiplicaram as possibilidades de trocas entre eles, além de proliferarem redes afetivas destes com os usuários e dos usuários entre si; 3) Trabalho em equipe e acolhimento: as inter(faces) singular e coletiva do trabalho - as facilidades e dificuldades dos trabalhadores em relação ao acolhimento em saúde mental, destacando como a principal facilidade o trabalho em equipe e como a principal dificuldade, a falta de "engajamento" dos demais trabalhadores do serviço no cuidado a usuário com sofrimento psíquico; 4) Reconhecendo a experiência cotidiana do trabalho como um movimento de invenção e reinvenção - o reconhecimento dos trabalhadores como operários na "Obra" que produz o cuidado, através da busca pelo prazer e alívio produtivo, do "ousar criar" no trabalho cotidiano. Concluindo, o acolhimento mostrou-se como um organizador dos processos de trabalho em saúde mental do serviço e como um dispositivo de conversa que promove redes de sustentação do trabalho afetivo em equipe, sendo sua construção um desafio coletivo dos trabalhores.
Belong to the Primary Health Care field several elements that compose people´s life and may produce or increase the mental suffering. These elements demand a care that considers the way the subject´s conditions of existence are produced, strategy which depends on the net working established among the health workers, provided that the new health practices, based on a comprehensive health care, require an interaction among different knowledge and doings. The purpose of this research was to characterize the production of mental health care in a primary health care unity, having the embracement as an instrument to analyze the team work, according to its potential in rescuing the humanization in relationships, and the work environment as a subjects´place. This study consists in a descriptive exploratory case study whose participants are health workers from different professions, who belong to the service´s mental health working processes. The data collection techniques used were the focal group and the analytic flowchart, the data raised were submitted to further content analysis, thematic modality, allowing the construction of four empirical categories: 1) The affective map of first´s assemblages: the conflict as motor of changes - the construction of a mental health team work in the service, through a synergic proposal to change the care conception, advancing joint activities which have opened the connective flows among the professionals, by means of their own praxisreorientation and the conflits´facing; 2) The user embracement as an analyzer of team work´s organization - the flowchart revealing that the services´net of conversations have multiplied the exchanges possibilities among the workers, apart from proliferating affective nets between them and the health unity´s users and the health unity´s users among themselves; 3) Patient health team and user embracement: the singular and collective work´s inter (faces) - the workers´ease and difficulties related to the mental health user embracement, focusing on the team work as the main ease and as the main difficulty the lack of the "engagement" of health workers who are not part of the mental health care team; 4) Recognizing the daily work´s experience as an invention and reinvention movement - the workers´recognition as workmen in benefit of the care, through the search of pleasure and productive relief, created in the daily work basis. Concluding, the user embracement showed itself as an organizer of mental health work processes, and as a conversation device who promotes sustain nets of affective teamwork, whose construction is a worker´s collective challenge.