Marcadores de vulnerabilidade a infecção, adoecimento e morte por HIV e AIDS
Vulnerability markers for HIV and AIDS infection, morbility and mortality
Publication year: 2008
Nos primeiros anos que se seguiram ao aparecimento da aids, no início da década de 1980, o instrumental epidemiólogico disponível adotava a noção de "grupo de risco" para explicar a ocorrência da doença. Progressivamente, essa noção foi sendo substituida por "comportamentos de risco". Na década de 1990, a despeito dos avanços tecnológicos referentes ao diagnóstico e à terapêutica, a franca disseminação da aids, principalmente em populações de maior exclusão social, colocou em xeque essas formas de interpretação do adoecimento. Em oposição ao risco, o conceito de vulnerabilidade foi proposto para propiciar uma compreensão ampliada do fenômeno, ampliando também as estratégias de intervenção nos processos saúde-doença dos grupos sociais envolvidos. Este estudo tornou como objeto o conceito de vulnerabilidade, nas suas três dimensões - individual, social e programática. Seu objetivo geral foi construir marcadores de vulnerabilidade a partir das condições e características associadas à vulnerabilidade. A metodologia utilizada foi a hermenêutica-dialética e as fontes de dados foram teses e dissertações sobre HIV/AIDS produzidas ou orientadas pela autora entre 1997 e 2004, com populações específicas. Os resultados mostraram que a maior parte dos estudos trataram da vulnerabilidade individual, em segundo lugar, da programática e, por fim, da vulnerabilidade social. A discussão dos dados possibilitou construir marcadores específicos para cada uma das dimensões davulnerabilidade.
Na dimensão individual os marcadores de vulnerabilidade são:
conhecimentos e significados, características pessoais e relacionais, impacto do diagnóstico, recursos disponíveis e modo de enfrentamento da enfermidade.Na dimensão programática:
estrutura e dinâmica da organização dos serviços e operacionalização das ações.Na dimensão social:
condições materiais de existência, aparato jurídico-polítio, ideologia e cultura. A investigação ) reiterou as múltiplas determinações da vulnerabilidade e das formas de enfrentamento, que se expressam no processo de produção em saúde, nas representações sociais sobre a aids e temas adjacentes e nas percepções subjetivas da pessoa infectada.
In the years that followed the onset of aids, in the beginning od the 80´s the notion of "risk groups" was adopted by the available epidemiological aparathus to describe the first cases of the disease. Progressively, this notion was replace by a more compreehensive one, the "risk behaviour" concept. In the 90´s, in spite o the technological advances in the diagnosis and therapeutics, the spread of aids among populations subject of major social exclusion showed the limits of these forms of interpreting the health-illness process. In opposition to the "risk model", the concept of vulnerability was proposed to ensure a broader understanding of the aids phenomena, also expanding the strategies of intervention in the health-illness processes of the social groups affected by the disease. The object of this study is the concept of vulnerability, in its three dimensions: individual, social and programatic. Its main objetive was to develop markers of vulnerability from conditions and characteristics associated to vulnerability. The method was the dialetical hermeneutics e the data sources were the thesis and dissertations produced or conducted by the author from 1987 to 2004 with specific populations. The results showed that the majority of the studies focused on the individual vulnerability, followed by those that focused on the programatic dimension and, finally, on the social vulnerability. The analisis of these studys enable the identification of specific markers foreach dimension of vulnerability. In the individual dimension, these markers of vulnerability are: knowlege and meanings associated to aids, personal and relational characteristics, diagnosis impact, resources available e ways of coping with the disease. In the programatic dimension, the markers are the structure and the dynamics of service organization and the functioning of health actions. In the social dimension, the markers identified are: life conditions, juridic and political aparathus, ideology and culture. The investigation reassured the multiple determinations of the vulnerability that express themselves in health production process, social representations concerning aids e related themes and subjective perceptions of the infectes person.