Publication year: 2013
Considerando as transformações trazidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a consequente
discussão acerca da redefinição do processo de formação de enfermeiras com vistas a atender
o modelo assistencial proposto e principalmente considerando os dez anos das Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF), propusemos a
consecução deste estudo que tem como objetivo geral: Analisar como tem se configurado a
formação das enfermeiras no Estado da Bahia após a publicação das DCN/ENF, e como
objetivos específicos: Identificar as inovações ocorridas no processo de formação da
enfermeira, no Estado da Bahia, após a publicação das DCN/ENF; Descrever os avanços e
dificuldades encontrados pelos cursos de graduação no processo de incorporação dos
fundamentos trazidos pelas DCN/ENF. Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem
quantitativa e qualitativa fundamentado no referencial teórico de Paulo Freire. Foi
desenvolvida em cinco cursos de graduação em Enfermagem públicos da Bahia, com 19
docentes e 193 discentes. Os resultados nos mostraram que das cinco escolas envolvidas, uma
ainda não conseguiu fazer nenhuma mudança curricular que tivesse como base as propostas
trazidas nas DCN/ENF.
Nas demais foram identificadas as seguintes inovações ao processo
formativo:
A construção do perfil profissional a partir das competências Gerais; A presença e
valorização das Atividades Complementares; A construção do conhecimento cientifico
através dos Trabalhos de Conclusão de Curso; A contribuição do Estágio Curricular
Supervisionado; A flexibilidade curricular; O uso de metodologias ativas de ensinoaprendizagem; A avaliação e acompanhamento do processo ensino-aprendizagem. Como
elementos facilitadores dessas inovações, destacamos o PRÓ- Saúde e o PET-Saúde; a ABEn
por meio dos fóruns de escolas e dos SENADENs; os projetos de pesquisa e extensão
institucionais; o aumento da carga horária e do tempo de integralização do curso; os estágios
de vivência; a integração entre a graduação e a pós-graduação; a incorporação de enfermeiras
em cargos de gestão da universidade; o compromisso profissional das docentes. Como
elementos dificultadores, destacamos a burocracia institucional; o pouco reconhecimento
profissional; o baixo investimento na capacitação pedagógica docente e dos preceptores; a
resistência no envolvimento do profissional do serviço com a formação e vice-versa; o
engessamento curricular dado pelo número de pré-requisitos; oferta efetiva de componentes
curriculares optativos ainda insuficiente; distribuição de CH discrepante entre os semestres;
uso pontual de metodologias ativas; comprometimento dos cenários de aprendizagem dado
pela desorganização do modelo assistencial e administrativo e pela expansão do número de
cursos; avaliação discente pontual e atrelada a quantificação; NDE não atuante. Concluímos
que houve inovações significativas no processo de formação da enfermeira a partir da
incorporação, pelas Instituições de Ensino Superior (IES), os elementos fundantes das
DCN/ENF, em sintonia com as novas políticas de educação e saúde. Nesse liame, defendemos
que este estudo irá contribuir para que os cursos de graduação em enfermagem, seus docentes
e discentes, possam ter uma visão de como tem se dado esse fenômeno, as facilidades
encontradas por cada curso, as dificuldades percebidas, entendendo que a formação deve ser
constantemente repensada, as ações firmemente refletidas e os caminhos incansavelmente
redesenhados, pois só assim teremos a formação de profissionais consonantes com os
preceitos constitucionalmente assegurados para a saúde e educação. (AU)