Quotidiano de mulheres que vivenciam a violência doméstica: contribuições para um cuidar sensível na enfermagem e saúde

Publication year: 2015

A violência de gênero ocorre no âmbito da família ou em qualquer relação de afeto, levando a implicação no processo de viver com adoecimento e morte. Na gestação apresenta risco para a saúdeda mulher, contribuindo para elevar a morbimortalidade materno e fetal. A compreensão do quotidiano de mulheres possibilita uma reflexão mais aprofundada da violência doméstica, pois possuem elementos da subjetividade, que delinea o processo de viver. Assim, o presente estudo teve como objetivo geral: compreender o quotidiano de mulheres que vivenciam a violência doméstica. Estudo descritivo com abordagem qualitativa, apoiado na proposta teórico, epistemológica e metodológica do sociólogo francês Michel Maffesoli. O espaço do estudo foi uma Maternidade Pública, na cidade de Salvador-Ba; que pertence à Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (BA). Participaram da pesquisa 15 puérperas que sofreram violência doméstica internadas no Alojamento Conjunto. Foi utilizado à entrevista com formulário semi-estruturado e uso do gravador, observando as questões éticas, conforme Resolução 466/12. As entrevistas foram classificadas e organizadas para a análise seguindo o cruzamento de ideias, significados das falas emanadas, sendo construídas as cinco grandes conjunções que emergiram do encontro com as mulheres, Quotidiano de mulheres que vivenciaram a violência na infância; Quotidiano de adolescentes que vivenciaram a violência doméstica; Quotidiano de mulheres que vivenciam a violência conjugal; Quotidiano de mulheres que vivenciam a violência doméstica na gestação; Enfrentamento e possibilidades de mudanças no quotidiano de mulheres que vivenciam a violência doméstica. Os dados foram analisados à luz do referencial teórico, epistemológico e metodológico de Michel Maffesoli da Sociologia Compreensiva e do Quotidiano e gênero. Os resultados mostraram que a violência foi vivida em um quotidiano com intensidade significativa e preocupante em todo ciclo de vida das mulheres, da infância a fase adulta. As relações entre homes e mulheres são construídas com base nos papéis de gênero. Assim, observamos o papel da cultura na educação e na vida das pessoas com base nas relações de poder. O vivido trágico das mulheres em situação de violência doméstica foi apresentado em uma construção social da supremacia masculina no contexto familiar e nas relações conjugais, com as dificuldades e limites para o enfrentamento, as consequências para a saúde com riscos de morte, ressaltando a necessidade de um cuidar sensível pelos profissionais que realizam o atendimento. Esta pesquisa mostra a situação de violência vivenciada pelas mulheres em todo o ciclo da vida, contribuindo parareflexão sobre o cuidar dos profissionais da enfermagem e diversas áreas que atendem as mulheres, no sentido de possibilitar a efetivação das políticas públicas para o atendimento. (AU)