Sentido da vida: vivências dos cuidados de enfermeiros à pessoa no processo de morte e morrer
Meaning of life: experiences of nurses’ care to the person in the process of death and dying
Sentido de la vida: vivencias de los cuidados de enfermeros a la persona en el processo de muerte y morir

Publication year: 2013

Os enfermeiros vivenciam no cotidiano do cuidado, o processo de morte e morrer e o sofrimento das pessoas sob seus cuidados. Este estudo objetivou compreender como os enfermeiros vivenciam o sentido da vida ao cuidarem de pessoas no processo de morte e morrer. Utilizou-se o referencial do cuidado no processo de morte e morrer e a Análise Existencial de Viktor Emil Frankl. O projeto n. 31/2010 foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia.

Os colaboradores foram:

um enfermeiro e treze enfermeiras que atuavam na clínica médica e unidade de pacientes de longa permanência de um hospital geral, público, em Feira de Santana-Bahia. A coleta foi realizada de dezembro de 2010 a março de 2011, utilizando a entrevista fenomenológica com uma questão de aproximação: Você já vivenciou alguma situação de morte durante a prestação de cuidados? E duas norteadoras: Fale-me sobre essa experiência. Como você apreende o sentido da vida nessa vivência dos cuidados à pessoa no processo de morte e morrer? Desenvolvido em duas etapas: a do método fenomenológico fundamentado em Martins e Bicudo com descrição, redução e compreensão do fenômeno através da análise ideográfica e nomotética.

Estas possibilitaram construir três categorias empíricas:

Vivenciando o sofrimento com o outro ao prestar cuidados à pessoa no processo de morte e morrer; Vivenciando a finitude, o vazio existencial e a culpa diante da morte dos pacientes; Vivenciando os valores franklianos durante a formação do ser enfermeiro e do sentido ao cuidar da pessoa em finitude da vida. Compreendi que a dor e o sofrimento estão presentes nos pacientes, familiares, e enfermeiros que criam vínculo com estes; que há necessidade de mudanças na atitude dos enfermeiros e na política institucional; há dificuldade de lidar com a morte como um processo natural do viver. Eles vivenciam a culpa diante da escassez de recursos humanos e materiais para o cuidado a vida do paciente. Os enfermeiros recomendam discussões sobre o tema na graduação. Essa vivência e reflexões sobre os cuidados revelam o vazio existencial, a impotência diante da morte e a transformação do sentido de suas vidas. Na segunda etapa foi aplicado o método da prática baseada em evidências proposta por Larrabee em seis casos revelados pelos enfermeiros. Estes desvelaram a tríade trágica e a construção do otimismo trágico e do sentido da vida. Compreendi que os enfermeiros evidenciaram a tríade trágica na dor e sofrimento com o outro na vivencia do cuidado; em situações que demandam atitude, compromisso e responsabilidade com a vida do outro emerge o sentimento do dever cumprido; o medo da morte durante na prestação dos cuidados em finitude da vida aproxima o enfermeiro dos pacientes em processo de morte e morrer. Em síntese, os enfermeiros vivenciam a tríade trágica: sofrimento, culpa e morte no cotidiano do cuidado à pessoa no processo de morte e morrer; é através do otimismo trágico: fé, amor e esperança que ele constrói o sentido para uma prática responsável.(AU)