Publication year: 2017
A exposição ao ambiente desconhecido da terapia intensiva torna as pessoas idosas vulneráveis, levando à perda da autonomia e ao afastamento brusco dos sistemas cotidianos. A particularidade da hospitalização nesse ambiente está no fato de ser esta uma experiência dura, difícil, traumática e com possibilidades de deixar sequelas. Entretanto, pode também representar a última esperança de um cuidado adequado justamente pelas características tecnológicas e técnicas que reúne. O estudo das memórias das pessoas idosas sobre a entrada, a permanência e a alta da Unidade de Terapia Intensiva pode contribuir para melhor planejamento do serviço de cuidados intensivos, com intuito de melhor acolhimento, à não discriminação por idade e à mudança de paradigma com relação aos cuidados prestados nos serviços de saúde. Diante disso, decidiu-se pela realização desta pesquisa partindo-se da seguinte questão norteadora: De que maneira as pessoas idosas rememoram a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva? Tem como objeto: Memórias de pessoas idosas sobre a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva.
Tem como objetivo geral:
Compreender as memórias das pessoas idosas e seus familiares sobre a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva. E como objetivos específicos:
Identificar as memórias das pessoas idosas sobre a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva em relação às faixas etárias e ao sexo; apreender as memórias das pessoas idosas sobre a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva; interpretar as memórias de pessoas idosas sobre a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva. Esta é uma pesquisa qualitativa realizada em hospital público de ensino de Salvador – Bahia, Brasil, com quatorze pessoas idosas hospitalizadas em uma de suas Unidades de Terapia Intensiva entre janeiro de 2013 a maio de 2015. Os dados foram coletados por meio de entrevista, submetidos à análise lexical pelo software ALCESTE e interpretados à luz da Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural. A pesquisa obedeceu aos princípios éticos, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram identificadas cinco classes lexicais:
Memórias sobre a alimentação: contrapontos entre restrições, dieta hospitalar e hábitos cotidianos; Memórias sobre o acesso ao sistema de saúde e a hospitalização; Memória e movimento: lembranças sobre família e profissionais; Rememorando o conforto e os desconfortos sentidos na Unidade de Terapia Intensiva; Memórias sobre a trajetória no hospital. Diante dos resultados e com base na Teoria de Madeleine Leininger, sustenta-se a tese de que as memórias das pessoas idosas são coerentes com as suas culturas, revelam as experiências com a hospitalização na Unidade de Terapia Intensiva, sugere indícios da presença do estresse pós-traumático e há desejo de continuidade da vida de forma ativa e produtiva.(AU)