A influência do capital psicológico e da cultura organizacional no desempenho da organização

Publication year: 2019

As reformas iniciadas em Portugal desde 2005 nos Cuidados de Saúde Primários visaram a implementação de uma nova cultura organizacional centrada no empoderamento e no capital psicológico dos seus profissionais, assinalando um processo do tipo bottom-up. Investigações recentes assinalam a importância do capital psicológico positivo e cultura organizacional no desempenho organizacional, gerando resultados operacionais positivos com satisfação no trabalho.

Partindo da questão de investigação:

“Em que medida o capital psicológico dos profissionais assente na cultura organizacional impacta no desempenho organizacional?”, foi realizado um estudo empírico, transversal, retrospetivo, não experimental, descritivo-correlacional com uma amostra de 193 profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) de 32 unidades de saúde (Unidades de Cuidados na Comunidade, Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados, Unidades de Saúde Familiar), que pretendeu avaliar o contributo do capital psicológico e da cultura organizacional no desempenho organizacional. Foi utilizada a escala de Capital Psicológico, de Luthans, Youssef e Avolio; escala de Cultura Organizacional, de Cameron e Quinn baseada no Modelo dos Valores Contrastantes; Questionário de Desempenho Organizacional sustentado nos indicadores da contratualização interna do ACeS; Satisfação no Trabalho de Brayfield e Rothe; e Intenção em Sair da Organização de Meyer, Allen e Smith. Efetuada a análise fatorial confirmatória e avaliação da confiabilidade através do alfa de Cronbach. Foram testadas as hipóteses através das análises de correlação, modelos de regressão e efetuados estudos de moderação. Os resultados sugerem a existência de uma relação positiva entre o capital psicológico, a cultura organizacional, o desempenho organizacional e a satisfação no trabalho. Os modelos de regressão evidenciam que a tipologia da US explica 5% do desempenho organizacional da USF/UCSP. A cultura organizacional incrementa 11% (ΔR2) do desempenho organizacional, especificamente devido ao fator Flexibilidade. Na totalidade o modelo explica 21% do desempenho organizacional da USF/UCSP. O capital psicológico não apresenta um efeito preditor do desempenho organizacional.

Porém os estudos de mediação mostram um efeito indireto muito significativo:

β = .61* β = .72 β = .44 no qual a cultura organizacional apresenta um efeito mediador. O capital psicológico é responsável por 38% da variância na cultura organizacional que explica o desempenho organizacional (β = .72). A cultura organizacional é mediadora do capital psicológico sobre o desempenho organizacional com um efeito global de 42%. As implicações dos resultados obtidos têm importância ao nível da gestão e formação de profissionais de saúde dada a importância em desenvolver uma cultura organizacional favorecedora do desempenho organizacional. Investigações futuras devem ser direcionadas para as pessoas, colaboradores e utilizadores dos serviços de saúde para avaliar para além do impacte da cultura no desempenho da organização, o efeito mediador que poderá ter na efetividade do serviço prestado ao cidadão.
In Portugal, the Primary Healthcare reforms in progress since 2005 aimed to implement a new organizational culture focused on the empowerment and psychological capital of its professionals, signalling a bottom-up process. Recent investigations point to the importance of positive psychological capital and organizational culture in organizational performance, generating positive operational results with job satisfaction.

Starting from the research question:

"To what extent do the psychological capital of professionals based on organizational culture impact their organizational performance?", was performed an empirical, cross-sectional, retrospective, non-experimental, descriptive-correlational study with a sample of 193 health professionals (doctors and nurses) from of 32 health units (Community Care Units, Personalized Health Care Units, Family Health Units) that sought to assess the contribution of psychological capital and organizational culture to organizational performance. The Psychological Capital scale of Luthans, Youssef and Avolio was used; Organizational Culture scale, by Cameron and Quinn based on the Competing Values Framework; Organizational Performance Questionnaire based on indicators of the internal contracting of ACeS; Job Satisfaction of Brayfield and Rothe; and Intent on Leaving the Organization of Meyer, Allen and Smith. Confirmatory factor analysis and reliability assessment were performed using Cronbach's alpha. Hypotheses were tested through correlation analysis, regression models and moderation studies. The results suggest the existence of a positive relationship between psychological capital, organizational culture, organizational performance and job satisfaction. The regression models show that the US typology explains 5% of the USF/UCSP organizational performance. Organizational culture increases 11% (ΔR2) of organizational performance, specifically due to the Flexibility factor. In total, the model explains 21% of the organizational performance of the USF/UCSP. Psychological capital does not have a predictive effect on organizational performance. However, the mediation studies show a very significant indirect effect: β = .61* β = .72 β = .44 in which the organizational culture has a mediating effect. Psychological capital accounts for 38% of the variance in organizational culture that explains organizational performance (β = .72). Organizational culture mediates psychological capital over organizational performance with a global effect of 42%. The implications of the results obtained are important in the management and training of health professionals given the importance of developing an organizational culture that favours organizational performance. Future research should be directed to the people, employees and users of health services, to evaluate beyond the impact of culture on the performance of the organization, the mediating effect it may have on the effectiveness of the service provided to the citizen.