Soropositividade de mulheres para os vírus HIV e HTLV: significados do contágio do leite materno
Women´s seropositivity to HIV and HTLV virus: meanings of the breast milk spread

Publication year: 2009

Existem situações envolvendo a mãe e o recém-nascido que contra-indicam a amamentação, dentre elas a soropositividade de mulheres para os vírus HIV e HTLV. Trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa fundamentada na Teoria das Representações Sociais que teve como objetivos: apreender os significados e sentidos expressos nas representações sociais de mulheres soronegativas e soropositivas para os vírus HIV e HTLV referentes ao contágio do leite materno; analisar o conteúdo das representações sociais de mulheres soronegativas e soropositivas sobre o contágio do leite materno e suas implicações na impossibilidade de amamentação de seus filhos e identificar atitudes e comportamentos expressos pelas mulheres frente ao contágio do leite materno pelos vírus HIV e HTLV quando expostas a uma situação hipotética. Foi realizada na cidade de Salvador/BA/Brasil, em Centros de Referências para IST/aids e HTLV e numa Unidade de Pré-natal da Rede Básica de Atenção à Saúde, tendo como informantes 198 mulheres soronegativas e soropositivas para os vírus HIV e HTLV. Como estratégia de coleta de informações foi utilizado um survey descritivo, técnicas projetivas e uma dinâmica interativa. As informações advindas do TALP foram processadas estatisticamente pelo software Tri-Deux Mots e submetidas à Análise Fatorial de Correspondência (AFC); as advindas do survey foram analisadas por meio da análise de conteúdo temática (questões abertas) e pelo Programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) – questões fechadas. A ética permeou todo processo da pesquisa, conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Da análise das informações emergiram cinco categorias:

reveses e vieses – o (des)conhecimento como consequência de vidas reescritas; amamentar: um desafio – (des)conhecer razões para decidir/escolher; multiversas maneiras de viver a vida sendo soropositiva; a díficil decisão de não amamentar – conflitos valorativos; sentimentos e sensações do ser mãe de filhos livres dos vírus HIV e HTLV. Os resultados apontaram que a idade média destas mulheres foi de 31,4 anos; 50% afirmaram viver em união consensual; a maioria referiu ter cursado o Ensino Fundamental Incompleto e estarem desempregadas. As mulheres representaram o contágio do leite materno pelos vírus HIV e HTLV como um reviver permeado de dificuldades de ordem biológica, psicológica, econômica e psicossocial, porém, o não amamentar foi ressignificado e transformado num ato de amor por proteger o(a) filho(a) da contaminação pelo vírus. É preciso implantar e implementar políticas públicas de saúde que respondam às necessidades das mulheres que vivenciam a soropositividade e a não amamentação, considerando a subjetividade destas mulheres, focalizando-se contexto sócio-histórico, onde o surgimento das infecções pelos vírus HIV e HTLV requer um novo olhar sobre o ato de amamentar/não amamentar devido ao contágio do leite materno. Por esta razão, o cuidado de enfermagem a ser oferecido e essas mulheres deve ser individualizado, sem julgamentos e coerção e, acima de tudo, buscar não culpabilizá-las pela sua contaminação e pelo contágio do leite materno.(AU)