Tentativa de suicídio por mulheres: representações sociais de médicos(as), enfermeiras(os) e técnicas(os) de enfermagem
Attempted suicide by women: social representations of doctors, nurses and nursing techniques

Publication year: 2011

Estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, tendo como eixo teórico a Teoria das Representações Sociais. A pesquisa teve como objeto de estudo as representações sociais de médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem sobre tentativa de suicídio por mulheres e como objetivo analisar as representações sociais de médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem sobre tentativa de suicídio por mulheres. Os sujeitos foram constituídos por 70 profissionais e teve como lócus uma unidade de emergência adulta de um hospital geral público de grande porte, em Salvador/BA. Como técnica de coleta de dados, utilizou-se: Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e entrevista. Foram considerados os aspectos éticos recomendados pela Resolução 196/96 do CNS. Os dados provenientes do TALP foram organizados no Excell e processados através do software EVOC 2005 e os advindos das entrevistas foram organizados com base na análise temática de Bardin. Os sujeitos foram 11 médicos(as), 27 enfermeiras(os) e 32 técnicas(os) de enfermagem, caracterizando-se, majoritariamente, por profissionais do sexo feminino, jovens, solteiras, formadas há mais de 5 anos e trabalhando no lócus do estudo há pelo menos 4 anos. No que se refere a abordagem do tema suicídio, apenas 37,1% dos profissionais relataram ter presenciado alguma aula a respeito do tema na graduação ou durante a formação técnica e todos afirmaram não ter tido conhecimento sobre alguma sensibilização do tema no serviço. A estrutura das representações sociais dos profissionais acerca a tentativa de suicídio encontra-se sustentada pelos elementos do núcleo central que dizem respeito aos fatores que vulnerabilizam a mulher ao ato suicida (depressão, falta de fé, desespero, baixa auto-estima, problemas econômicos, tristeza, angústia, solidão e morte) e pelos elementos do sistema periférico, nos quais o termo “doença” guarda relação com o termo “depressão”, o termo “medo” diz respeito ao receio que o profissional de saúde tem em abordar uma mulher que buscou sua auto-destruição e o termo “sofrimento” aparece como um motivo, pois para os profissionais, a morte representa para aquela mulher uma forma de sair daquela tristeza. O tema que resultou da análise das entrevistas (adoecimento) permitiu mostrar que os profissionais representam a tentativa de suicídio como um resultado de um processo depressivo, potencializado por fatores como a falta de fé, a desestruturação familiar, a solidão e a relação conjugal conflituosa/ violência. A assistência no serviço de saúde é representada pelos profissionais como um processo técnico, no qual as questões subjetivas pertinentes ao ato suicida são dificilmente valorizadas, sendo essa assistência permeada pelo estigma que envolve as pessoas que buscam sua auto destruição. A postura estigmatizante do profissional de saúde em relação às mulheres que tentaram suicídio norteia a assistência, sendo necessária uma desconstrução desse esteriótipo, para uma melhor compreensão acerca dos fenômenos que envolvem a tentativa de suicídio.(AU)