A integralidade do cuidado na formação da enfermeira
Publication year: 2007
A integralidade do cuidado no processo de formação da enfermeira é um estudo realizado com doze docentes e nove discentes de um curso de graduação em enfermagem de uma cidade do interior do estado da Bahia. Neste trabalho busquei analisar o princípio da integralidade do cuidado à saúde nas práticas curriculares desenvolvidas no processo de formação da enfermeira, através da noção de integralidade trazida pelos entrevistados, bem como evidências de aproximações e distanciamentos do princípio nas práticas curriculares. Utilizei como referencial teórico a produção científica do LAPPIS. No percurso metodológico, utilizei a abordagem qualitativa, com coleta de dados através da técnica de grupo focal. Para trabalhar os dados coletados, utilizei a análise temática, onde identifiquei cinco unidades temáticas: Compreensão da Integralidade do cuidado, Conhecimento do SUS, Acolhimento, Trabalho em equipe, Equilíbrio entre as áreas clinica e preventivas. Os resultados evidenciaram que as noções acerca de integralidade trazidas pelos informantes são bem restritas, se considerarmos os complexos sentidos que a literatura tem atribuído a esse princípio. Há uma valorização dos aspectos legais do SUS em detrimento dos seus princípios e formas práticas e possíveis de aplicação cotidiana. A qualidade do cuidado prestado ao usuário durante a prática curricular é influenciada pelo pouco tempo, pela alta demanda e pela supervalorização da técnica. Ficou evidente também uma desvalorização do trabalho em equipe, à medida que cada profissional oferece a sua assistência dentro do campo de conhecimento que possui, e ainda haver no curso um enfoque mais acentuado na saúde coletiva, o que leva a formação de profissionais pouco qualificados para atuar na área hospitalar. Esses achados nos remete a refletir, que devemos rever e aprofundar as práticas didático-pedagógicas que vem sendo utilizadas no processo de formação profissional para o setor saúde, no sentido de que estas tem se dado de maneira tradicional, pontual e desarticulada do contexto social, com poucas possibilidades de formar sujeitos com capacidade crítica e propositiva para atuarem nos espaços sociais, para transformar a organização das práticas e construir serviços institucionais que visem a consolidação de políticas sociais mais universalizantes, justas e integrais.(AU)