Adaptação de idosos ao tratamento da insuficiência cardíaca: um olhar através da Teoria da Adaptação de Roy
Adaptation of the elderly to the treatment of heart failure: a look through the theory of Roy Adaptation

Publication year: 2016

Introdução:

O aumento das taxas de morbidade na população idosa está substancialmente vinculado às doenças cardiovasculares, sendo a insuficiência cardíaca crônica a de maior destaque, pela dificuldade de adaptação das pessoas ao tratamento.

Objetivo:

Compreender a vivência da pessoa idosa na adaptação ao tratamento clínico da insuficiência cardíaca crônica e como objetivos específicos: Identificar os estímulos recebidos pela pessoa idosa durante o tratamento clínico da insuficiência cardíaca crônica; Conhecer as respostas comportamentais geradas por esses estímulos; Verificar, a partir daí, as estratégias de enfrentamento criadas pela pessoa idosa para adaptar-se ao tratamento.

Metodologia:

Pesquisa qualitativa realizada com dez pessoas idosas em tratamento ambulatorial da insuficiência cardíaca crônica em um hospital público de Salvador. Foram realizadas entrevistas semiestruturada contendo informações sócio-demográficas, clínicas e perguntas norteadoras sobre o tema proposto. O conteúdo transcrito foi categorizado em três grandes categorias com suas subcategorias e analisadas a luz da Teoria da Adaptação de Calista Roy, para melhor compreensão dos processos adaptativos vivenciados pela pessoa idosa no tratamento da insuficiência cardíaca crônica.

Resultados:

A idade variou de 60 a 87 anos, com uma homogeneidade entre os gêneros e média de escolaridade baixa. Na categoria “Estímulos ambientais vivenciados por idosos no tratamento clínico da insuficiência cardíaca crônica” foram identificados estímulos focais (lesão cardíaca e o uso de vários medicamentos), contextuais (conhecimento sobre o tratamento, atuação dos profissionais de saúde, nível de escolaridade, apoio familiar e/ou de pares, situação econômica e assistência de saúde pública) e residuais (medo da morte, história prévia de infarto do miocárdio) que atuaram em conjunto influenciando positiva ou negativamente o comportamento do idoso. Analisando a categoria “Respostas comportamentais de idosos com insuficiência cardíaca crônica”, encontrou-se como subcategorias: problemas adaptáveis nos modos fisiológico (oxigenação, atividade e repouso e nutrição), de autoconceito (desmotivação, tristeza, solidão e medo), de desempenho de papéis (perda do papel primário de pai, de trabalhador, de esposa, de doente) e de interdependência (apoio familiar e dos pares). Por fim, na categoria “Mecanismos de enfrentamento de idosos no tratamento da insuficiência cardíaca crônica”, com as subcategorias: o uso diário de medicamentos, o desafio de se alcançar uma adequação alimentar, utilizando as redes de apoio formais e informais e driblando a escassez dos recursos financeiros. Verificou-se que o processo de adaptação é contínuo independente do tempo de início do tratamento e que os idosos mesmo sem o apoio profissional adequado desenvolveram estratégias de enfrentamento para conseguir adaptar-se as dificuldades impostas pelo tratamento, seja a nível medicamentoso, nutricional, rede de apoio ou econômico.

Conclusão:

Inúmeros fatores intra e extra institucionais são responsáveis por facilitarem e, em grande parte, dificultarem a adaptação do idoso ao tratamento da ICC. Mesmo com o baixo apoio profissional, os idosos, de modo geral, conseguiram criar respostas adaptáveis à maioria das situações vivenciadas. Contudo ainda percebe-se falhas importantes na condução do tratamento, caracterizadas através de comportamentos inadequados, onde há a necessidade de ajustes terapêuticos e participação da equipe multiprofissional, com a finalidade de minimizar os episódios de descompensação clínica e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.(AU)