O sentido do ser-mulher-puérpera no método mãe canguru

Publication year: 2006

O Programa de Atenção Humanizada ao Recém-nascido Prematuro e de Baixo Peso, mais conhecido como Metodologia ou Método Mãe Canguru (MMC), incorporado por várias maternidades brasileiras, preconiza precoce e constante contato pele a pele entre mãe e recém-nascido, pelo tempo que ambos demonstrem ser prazeroso e suficiente.

Tem como objetivos:

aumentar o vínculo mãe-filho; estimular o aleitamento materno; melhorar o controle térmico de prematuros; reduzir o número de recém-nascidos em unidades de cuidados intermediários; diminuir os índices de morbi-mortalidade neonatal e favorecer aos pais maior competência e confiança, quando do cuidado domiciliar. É uma estratégia do Ministério da Saúde que prioriza a atenção ao recém-nascido, mas que tem como protagonista a mãe. Vivenciando o cotidiano hospitalar com as mães no MMC, percebia-se a ansiedade quanto ao afastamento do convívio familiar, medo do agravamento do quadro clínico do recémnascido, a culpa pelo nascimento prematuro, os momentos de explosão de alegria e/ ou tristeza pelo ganho ou perda ponderal do (a) filho (a), a preocupação com a vida conjugal, situações somadas à multiplicidade de papéis, agora socialmente mais cobrados, devido a nova constituição familiar. Este estudo fenomenológico tem como objeto o sentido do ser-mulher-puérpera no Método Mãe Canguru e objetiva compreender a vivência de mães na 2ª fase do MMC. O referencial teórico é baseado em estudiosas (os) da temática e o referencial teórico-filosófico foi iluminado pelo pensamento heideggeriano expresso em Ser e Tempo. A entrevista fenomenológica foi realizada no alojamento canguru de um hospital público do interior do Estado da Bahia, tendo como depoentes mães inseridas na segunda etapa do MMC.

As questões que nortearam a entrevista foram:

Como é para você ser mãe deste bebê prematuro? Como tem sido participar do Método Mãe Canguru? Na interpretação hermenêutica, compreendeu-se que o sentido de ser-mulher-puérpera no MMC, em seu cotidiano vivencial, foi desvelado pelo temor, pelo falatório, pela solicitude, pela angústia, modos de ser essencialmente ligados à temporalidade expressos nas falas, nas lágrimas, nos sorrisos, nos silêncios, enfim, nas situações que mostraram o modo de ser de cada uma. O estudo poderá beneficiar a unidade hospitalar envolvida, a estruturar melhor as etapas desta metodologia de humanização, conhecendo o significado em ser-mulher-puérpera no MMC, além de contribuir para ampliar a reflexão da comunidade acadêmica e de saúde quanto à forma de implementação do Método. Destaco a importância deste Método para a saúde da criança e para o aumento do vínculo familiar. Todavia, há de se considerar que, para seu pleno êxito, a vivência da mulher nele inserida deva ser valorizada. Palavras-chave: Método Mãe Canguru; Puerpério; Fenomenologia