Autoavaliação do estado de saúde de mulheres negras e brancas e fatores associados
Self-evaluation of health status of white and black women and factors characteristics
Publication year: 2013
DOMINGUES, Patrícia Mallú Lima. Autoavaliação do estado de saúde de mulheres
negras e brancas e fatores associados. 86f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola
de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.
Estudos de base populacional demonstram que há diferenças na autoavaliação do estado de
saúde entre os diferentes grupos de pessoas e que o contexto socioeconômico, fatores de
ordem individual e a utilização de serviços de saúde estão implicados nas avaliações que as
pessoas fazem da própria saúde. No caso das mulheres, não há consenso, mas as negras
tendem às piores autoavaliações do estado de saúde, comparadas às brancas. Acredita-se que
as desigualdades raciais e de gênero refletem esses achados. O objetivo geral do estudo é
comparar a autoavaliação do estado de saúde de mulheres brasileiras segundo a raça/cor da
pele; e específicos: descrever os fatores sociodemográficos e da utilização dos exames
preventivos do câncer de mama e cervicouterino, segundo a raça/cor da pele das mulheres;
verificar a associação entre a autoavaliação do estado de saúde e fatores sociodemográficos,
segundo a raça/cor da pele das mulheres; verificar a associação entre a autoavaliação do
estado de saúde e a utilização dos exames preventivos do câncer de mama e cervicouterino,
segundo a raça/cor da pele das mulheres. Estudo transversal, exploratório, de base
populacional, que utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios do ano de
2008. Foram incluídas no estudo mulheres residentes no Brasil com idade igual ou superior a
15 anos. Adotou-se como variável dependente a autoavaliação do estado de saúde e variáveis
independentes as características sociodemográficas e da utilização dos exames preventivos do
câncer de mama e cervicouterino. Realizou-se distribuição proporcional da caracterização das
mulheres mediante o uso de frequências uni/bivariadas e medidas descritivas. Utilizou-se a
prevalência como medida de ocorrência e como medida de associação a Razão de Prevalência
e seus respectivos intervalos de confiança a 95%, estimados em função da regressão de
Poisson, pelo método de variância robusta. As mulheres negras têm menor idade média e
estão sobrerrepresentadas entre aquelas com menor renda familiar per capta, menor
escolaridade e menor utilização dos exames preventivos do câncer de mama e cervicouterino.
Entre as mulheres negras a prevalência da autoavaliação negativa do estado de saúde foi de
54,5% e entre as brancas 45,5%. A associação entre a autoavaliação do estado de saúde e a
raça/cor da pele foi positiva e estatisticamente significante (RP=1,19; IC95%: 1,17 - 1,21), e
as mulheres negras foram as que mais autoavaliaram o seu estado de saúde como negativo. As
associações entre a autoavaliação do estado de saúde e os fatores sociodemográficos e de
utilização dos exames preventivos foram estatisticamente significantes e coincidiram para as
mulheres negras e brancas, no entanto, as prevalências da autoavaliação do estado de saúde
diferiram segundo a cor da pele. As desigualdades socioeconômicas e de utilização dos
exames preventivos do câncer de mama e cervicouterino encontradas neste estudo foram
traduzidas em desigualdades na autoavaliação do estado de saúde de mulheres negras e
brancas e, em certa medida, tem relação com as desigualdades de gênero, raça e classe social.(AU)