Publication year: 2014
As mulheres estão envolvidas com o fenômeno das drogas de diversas formas. Em qualquer tipo de envolvimento, estão expostas a situações de vulnerabilidade individuais, sociais e programáticas, sobretudo quando estão grávidas.
Este trabalho tem por objetivo:
Analisar as formas de envolvimento de gestantes com drogas e as situações de vulnerabilidade diante do contexto de vida. Realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa da qual participaram 08 gestantes matriculadas no pré-natal de uma maternidade pública de Salvador-BA. A aproximação e identificação das gestantes se deram a partir da aplicação de um instrumento semiestruturado, contendo questões sobre: características sociodemográficas e de saúde reprodutiva; caracterização familiar; e indicadores sociais e de saúde; assim como contemplava também questões sobre o envolvimento com álcool e outras drogas. A partir da identificação das gestantes envolvidas com drogas, as mesmas eram convidadas a participar da entrevista semiestruturada. Foram seguidos todos os aspectos éticos. Os dados apreendidos durante a entrevista foram organizados segundo a técnica de análise de conteúdo e analisados adotando o conceito de vulnerabilidade como referencial teórico. No processamento de organização dos dados, foram identificadas quatro categorias empíricas: Envolvidas com drogas: “Meu irmão é usuário, meu marido usa drogas, minha mãe... Usei álcool, cigarro...”; Relações familiares: “Meu pai não me criou... Conheci, mas pra mim é mesmo que nada...”; Interrupção do estudo: “Emprenhei e parei (de estudar)...”; Acesso ao pré-natal: “Fui a outras maternidades, só achei vaga aqui...”. . O envolvimento das gestantes com as drogas se deu majoritariamente pelo consumo de substâncias lícitas e ilícitas pelos companheiros e familiares e pelo consumo próprio de substâncias lícitas, mesmo durante a gestação. As entrevistadas relataram que o consumo de drogas fragiliza os vínculos familiares e afetivos, expondo-as a situações de violência. A ocorrência da gravidez na adolescência ocasionou o abandono escolar e, consequentemente, a dependência financeira parcial ou total de familiares e/ou companheiros. Dificuldades no acesso aos serviços de saúde ocasionaram inicio do acompanhamento gestacional tardiamente, atrasos na realização de exames de rotina do prénatal, na aplicação de vacinas e em outros procedimentos do pré-natal. Os dados permitiram identificar que as gestantes vivenciam um contexto familiar com presença de drogas lícitas e ilícitas, o qual predispõe a situações de vulnerabilidade nas dimensões individual, social e programática. A identificação das situações de vulnerabilidade possibilita ampliar a atuação em saúde e gerar reflexões que podem ser úteis para a formulação de pensamentos e políticas de saúde a partir das necessidades da comunidade.(AU)