Relações de poder no manejo do cateter percutâneo por enfermeiras
Relations of power during the handling of the percutaneous catheter by nurses
Publication year: 2012
Este estudo cuja temática trata das relações de poder durante o manejo do cateter percutâneo
por enfermeiras neonatologistas, parte do pressuposto de que existem conflitos durante o
procedimento, mediadas pelas relações de poder entre os profissionais da assistência e a
administração destas unidades. O trabalhador da saúde não consegue sozinho dar conta do
complexo objeto do ato de cuidar, ele sempre depende de um sistema de troca com os outros
para que este trabalho se concretize. Desta forma, existe uma pactuação do processo de
trabalho entre os sujeitos envolvidos, que resulta em disputas, produto da correlação de forças
que se estabelece neste processo, que se expressam sob a forma de relações de poder. Pela
importância de tal tema, realizou-se o presente estudo exploratório de abordagem qualitativodescritiva com o objetivo de compreender as relações de poder vivenciadas por enfermeiras
durante o manejo do cateter, identificar como são estabelecidos os limites profissionais sobre
este procedimento, descrever as relações de dominação ou de resistência vivenciadas pelas
enfermeiras durante o manejo do cateter. Para orientar esta investigação, adotou-se como
eixo de sustentação teórica o pensamento de Michel Foucault para o estudo das relações de
poder, com maior ênfase para os dispositivos disciplinares. A coleta de dados processou-se
em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de uma Maternidade de Referência da cidade
de Salvador/BA através de uma entrevista semi-estruturada, gravada. Foram sujeitos da
investigação, treze enfermeiras assistenciais, especialistas, habilitadas para o manejo do
cateter percutâneo que estavam em pleno exercício de suas atividades. Sob a ótica da Análise
do Conteúdo, os resultados geraram um conjunto de três categorias de estudo: A disciplina no
manejo do cateter percutâneo por enfermeiras, a ambiguidade do saber: poder e resistência e a
presença de um poder soberano. A partir dos discursos das enfermeiras, pode-se perceber
como a disciplina esquadrinha o agir destas profissionais, que mesmo possuindo o saber
teórico e prático sobre o procedimento contraditoriamente, não exercem este poder/saber ou o
exercem de forma velada, com resistência fraca, permitindo que estas relações se manifestam
sob a forma de conflitos com uma tendência das enfermeiras se submeterem à dominação
médica para bom andamento do serviço. Estas observações sugerem a necessidade da adoção
de uma postura crítica frente ao contexto desta prática e de um maior aprofundamento desta
temática por parte das organizações, das trabalhadoras e das instituições de ensino.(AU)