Publication year: 2006
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) tem acometido progressivamente homens e
mulheres que estão na faixa etária de 50 a 59 anos. Neste sentido, é importante conhecer as
representações sociais dessas pessoas, para melhor compreender suas vulnerabilidades à
infecção pelo HIV e o modo como agem diante desta epidemia. Este estudo pautou-se nos
seguintes objetivos: identificar situações de vulnerabilidade em relação ao HIV/aids entre
homens e mulheres de 50 a 59 anos, soropositivos(as) e soronegativos(as); apreender as
representações sociais desses sujeitos sobre aids e, conhecer as implicações das
representações sociais para aids na vulnerabilidade desses indivíduos. O estudo é quantiqualitativo, com abordagem multimétodos, fundamentado na Teoria das Representações
Sociais, gênero, geração e no conceito de vulnerabilidade proposto por Mann. A pesquisa foi
desenvolvida em Salvador/BA, tendo como sujeitos 85 homens e mulheres com 50 a 59 anos,
soropositivos(as) e soronegativos(as) para o HIV, que compareceram entre os meses de
dezembro/2005 a abril/2006 ao Centro de Referência Estadual em IST e aids. Os dados foram
coletados através do Teste de Associação Livre de Palavras (TALP) e da entrevista semiestruturada, sendo os mesmos submetidos a análise fatorial de correspondência (AFC) e a
análise de conteúdo temática, respectivamente.
Para o TALP foram utilizados cinco estímulos
indutores:
aids, sexo, sexualidade, práticas sexuais e vulnerabilidade ao HIV/aids. As
respostas foram processadas no software Tri-Deux-Mots, com as seguintes variáveis: sexo,
opção sexual, escolaridade, idade, religião e condição sorológica para o HIV. A AFC
demonstrou que só houve significância na oposição de respostas para as variáveis sexo e
opção sexual. Na análise, evidenciou-se que os homens destacaram um aspecto social
relacionado a aids (“preconceito”), enquanto que as mulheres enfatizaram os desconfortos
orgânico e psicológico (“doença contagiosa” e “doença ruim”). Para os indivíduos que se
declararam homossexuais e bissexuais, a aids remete aos aspectos negativos da doença, uma
vez que esta é uma “doença contagiosa”, “incurável”, “ruim” e que causa “preocupação”. Os
condicionantes de gênero e geracionais foram identificados nas representações sociais para o
sexo, sexualidade e práticas sexuais, sendo estes representados por elas como “normal” e para
eles como “prazer”. A soropositividade para o HIV representa para as mulheres o fim das
atividades sexuais, entretanto, para os homens, não traz muitas repercussões na esfera da
sexualidade. Grande parte dos sujeitos reconheceu o risco do “sexo desprotegido” e a
importância da utilização da “camisinha”. Constatou-se que a maioria dos soronegativos não
se percebe vulnerável ao HIV/aids, sobretudo, por considerar que esta é uma “doença de
jovens”. As principais situações de vulnerabilidade ao HIV identificadas pelos sujeitos foram
o excesso de confiança no(a) parceiro(a), a dificuldade de inserir o preservativo nas relações
estáveis, relações sexuais desprotegidas com a “mulher da rua” e/ou com a “mulher de rua” e
a participação em orgias. Diante dos achados, reafirma-se a importância das implicações das
representações sociais na vulnerabilidade dos indivíduos que se encontram com idade entre 50
a 59 anos, sobretudo, para subsidiar atividades educativas e a formulação de políticas públicas
para a prevenção e o controle da epidemia de HIV/aids nessa faixa etária.(AU)