Dignificação, participação e autonomia de mulheres atendidas por enfermeiras em um centro de parto normal
Dignity, participation and empowerment of women attended by nurses at a Birth Center
La dignidad, la participación y el empoderamiento de las mujeres atendidas por enfermeras de una maternidad

Publication year: 2014

As enfermeiras obstétricas vêm ganhando destaque no tocante ao cuidado às mulheres no ciclo gravídico-puerperal, principalmente após a Organização Mundial de Saúde reconhecer a importância dessas profissionais para o resgate do protagonismo da mulher no processo parturitivo. Para facilitar a atuação das enfermeiras, foram criados os centros de parto normal, visto que nesses locais elas têm mais autonomia para atuarem.

Este estudo teve como objetivo:

analisar as experiências de mulheres sobre o cuidado recebido de enfermeiras obstétricas em um Centro de Parto Normal (CPN), sob o enfoque da autonomia, dignificação e participação das mulheres. Pesquisa qualitativa de caráter exploratório descritivo, desenvolvida com 30 mulheres que tiveram o parto em um CPN da cidade de Salvador – BA, e que foram cuidadas por enfermeiras no momento do parto. A coleta de dados ocorreu por meio da observação não participante, consulta a documento da instituição de saúde e entrevista semi-estruturada. Os dados foram coletados após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelas mulheres. A análise foi realizada de acordo com Gibbs, por meio de quatro fases: preparação dos dados, codificação baseada em conceitos, hierarquização de códigos e interpretação. Para subsidiar o desenvolvimento do estudo, foi utilizado como referencial teórico os conceitos de autonomia e de interesses de gênero de Nascimento. Os resultados revelaram que o cuidado prestado por enfermeiras obstétricas contribuiu para a promoção do empoderamento e protagonismo das mulheres no momento do parto, por meio de um cuidado humanizado, baseado em evidências científicas e centrado nas necessidades das usuárias. Entretanto, também evidenciou imposição de algumas práticas prestadas por essas profissionais, não sendo levada em consideração a opinião de algumas mulheres, denotando o viés de gênero presente no atendimento por meio de relações de poder entre profissionais e usuárias, impedindo que algumas mulheres pudessem fazer uma escolha consciente e terem o controle sobre o seu próprio corpo. No cuidado fornecido pelas enfermeiras durante o trabalho de parto/parto houve um maior destaque para a dignificação das ações - que é o mínimo necessário a estar presente em todos os serviços de saúde, para que a mulher seja bem atendida e acolhida - do que para autonomia e participação dessa mulher. Desta forma, embora no centro tenha havido um avanço na busca pela promoção da autonomia e participação das mulheres atendidas, necessita ainda de mais ações para atingir plenamente esse objetivo.(AU)