Cuidando de pessoas com feridas infectadas: representações sociais da equipe de enfermagem
Caring for people with infected wounds: social representations of the nursing team

Publication year: 2006

Trata-se de um estudo quantitativo e qualitativo, com o objetivo de apreender e analisar as Representações Sociais elaboradas pelos profissionais da equipe de enfermagem que cuidam de pessoas com feridas infectadas, através da determinação do núcleo central e sistema periférico. Realizado em 3 unidades de saúde de Feira de Santana-Bahia, 2005. Foram coletadas evocações livres de 132 profissionais de enfermagem, provocadas pela expressão “Cuidar de pessoas com feridas infectadas” analisada pelo Software EVOC (Vergés, 1992). E entrevistas de 33 profissionais as quais foram submetidas à análise temática de Bardin (2000). Os resultados apontam que a estrutura das representações sociais sobre cuidar de pessoas com feridas infectadas tem como elementos centrais dor, odor, cuidado e secreção. O termo cuidado aparece com o sentido de cautela e precaução, sinalizando o receio do contágio confirmado pela presença de outros termos como infecção, purulenta, contaminação, descuidado e sujeira. Cognições como apoio, carência, carente, debilitado, dependência e insegurança constituem o sistema periférico, com conteúdos que resultam das experiências concretas da prática entre quem cuida e quem é cuidado. Para a equipe de Enfermagem o sujeito de seus cuidados é um “ser fragilizado” por dor física e psicológica, provocada pelos odores da ferida e o isolamento social. Cuidar de pessoas com feridas infectadas, para os sujeitos deste estudo, está representado por três categorias: “Cuidar como sofrimento”, por conviver com uma pessoa sofrida e carente de atenção, pessoa discriminada e rejeitada, uma pessoa envergonhada e constrangida, por sentir nojo e repulsa, temer o contágio, sentirse frustrado, inseguro e impotente; “Cuidar como obrigação”, por cumprir papel profissional e por exigir um esforço para atender o outro. E, “Cuidar como gratificação”, por aliviar o sofrimento do outro, sentir-se útil e recuperar e cicatrizar a ferida. Conclui-se que, para eles cuidar dessas pessoas traz emoções ambíguas, que vão da dor à gratificação e que, embora esses profissionais identifiquem as carências dos seres cuidados, eles também são influenciados pela natureza repulsiva das feridas, demonstrando através deste estudo que o que prevalece, ao cuidar dessas pessoas, é o sofrimento.(AU)