Representações de casais sobre a violência doméstica na gravidez
Representations of couples about domestic violence in pregnancy
Publication year: 2006
A violência doméstica é um problema social de grande dimensão que afeta toda a sociedade, atingindo, de forma continuada e crescente, especialmente a mulher. No espaço doméstico, por um processo de domínio e poder estabelecido pelas regras sociais, agressores com laços consangüíneos ou de parentesco perpetuam a violência contra à mulher. A violência durante a gravidez traz efeitos destrutivos na saúde física, mental e reprodutiva da mulher, além de conseqüências para a saúde do concepto. Esta pesquisa, de abordagem qualitativa e que tem como referencial teórico-metodológico as Representações Sociais, tem como objeto as representações de casais sobre a violência na gravidez e como objetivo analisar as representações de casais sobre a temática referida. O estudo foi realizado na comunidade do Calafate, localizada no bairro de San Martin, na cidade de Salvador, Bahia. Os sujeitos foram compreendidos por dez gestantes em situação de violência doméstica e sete companheiros nesta comunidade. Como técnica de coleta de dados, utilizou-se os registros do grupo de gestante e entrevista semi-estruturada, agendada conforme a disponibilidade dos sujeitos. Os dados foram organizados a partir da Análise de Conteúdo, especificamente a Análise Temática, nos seguintes temas eixos: Representação do ser homem e do ser mulher, Relação familiar, Relação conjugal e gravidez. Entre os principais resultados observou-se que as representações dos entrevistados estão ancoradas nos valores, cultura que foram apreendidos e internalizados no lócus familiar definindo a identidade de gênero de cada um. A vivência familiar marcada pela violência na infância e na adolescência foi reproduzida em seus lares, com os companheiros, filhos e outros, evidenciando que a violência é intergeracional. No que se refere à vivência de violência durante à gravidez, embora esta fase seja considerada um momento de “crise” no ciclo vital feminino, onde a mulher encontra-se mais susceptível, é também um momento crítico para o desencadeamento da violência nas relações familiares e conjugais favorecendo o adoecimento da mulher e do concepto.(AU)