Gestantes envolvidas com álcool e outras drogas: estudo epidemiológico sobre suas vulnerabilidades
Pregnant women involved with alcohol and other drugs: an epidemiological study on vulnerabilities
Gestantes involucradas con el alcohol y otras drogas: estudio epidemiológico sobre sus vulnerabilidades

Publication year: 2015

As mulheres estão envolvidas com o fenômeno das drogas de diversas formas. A ideia de envolvimento não se limita ao consumo e/ou participação no narcotráfico, abrange a convivência com pessoas usuárias e/ou traficantes, especialmente nos papeis de mãe, companheira, filha e irmã. Independente da forma de envolvimento, as drogas acarretam vulnerabilidades para as mulheres, sobretudo, quando estão grávidas. Constitui-se como objetivo geral da pesquisa: analisar as vulnerabilidades de gestantes envolvidas com álcool e outras drogas atendidas em uma maternidade pública do município de Salvador-BA.

E como objetivos específicos:

estimar a prevalência de gestantes envolvidas com álcool e outras drogas; caracterizar o tipo de envolvimento de gestantes com álcool e outras drogas; verificar a associação entre as condições sociodemográficas, de saúde e de acesso aos serviços de saúde e o envolvimento com álcool e outras drogas. Trata-se de um estudo de corte transversal, descritivo e exploratório. Participaram da pesquisa 268 gestantes cadastradas em uma maternidade pública de Salvador-BA. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo CEP da EEUFBA, sob nº 268646. Os dados foram coletados no período de junho a dezembro de 2013, através de entrevista estruturada por um questionário que contemplava as características sociodemográficas, socioeconômicas, de saúde e de acesso aos serviços de saúde. Para o processamento e análise dos dados utilizou-se o software estatístico SPSS, versão 20. A análise descritiva foi realizada mediante números absolutos e índices percentuais. Para verificar a associação entre as condições sociodemográfica e a vulnerabilidade para o envolvimento com o álcool e outras drogas foram utilizados o teste Exato de Fisher e a odds ratio, com nível de significância de 5%. Houve predomínio de gestantes na faixa etária de 20 e 29 anos (57,8%), negras (92,2%), casadas ou em união estável (76,5%), com estudo até o ensino médio (70,7%), desempregadas ou exercendo atividade não remunerada (47,2%), com renda familiar de até 3 salários mínimos (76,6%), que tiveram a primeira relação sexual com idade entre 15 e 19 anos (67,2%), não fazia uso de método contraceptivo (62,7%) e com 1 ou 2 gestações (73,8%). Verificou-se uma prevalência de 98,1% para o envolvimento de gestantes com álcool e outras drogas. As substâncias mais consumidas pelas gestantes foram o álcool (81,0%) e o tabaco (12,7%) e pelos familiares foram o álcool (77,6%), o tabaco (31,0%) e a maconha (22,8%). Houve associação entre o consumo de drogas pela gestante e a escolaridade (p= 0,017), religião (p= 0,010), condição de moradia (p= 0,014) (IC95% 1,16 – 6,83), idade da primeira relação sexual (p= 0,027) e convivência com usuários de drogas (p= 0,030) (IC95% 1,21 – 14,20). Foi observada associação entre o consumo por familiares e o número de gestações das entrevistadas (0,033), conflito familiar (0,028) e violência na família (0,000). Os dados apontam o envolvimento com o álcool e outras drogas como agente potencializador de vulnerabilidades individuais, sociais e programáticas vivenciadas pelas mulheres. A identificação dessas vulnerabilidades possibilita a elaboração de ações e estratégias, pautadas na escuta, no intuito de atender as necessidades da população.(AU)