Publication year: 2006
O processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) tem contemplado diferentes
propostas na organização dos serviços de saúde no Brasil. Destaca-se a estratégia do
Programa de Saúde da Família – PSF, eleita pelo Ministério da Saúde como capaz de reverter
o modelo assistencial vigente. Um dos elementos fundamentais na discussão acerca dos
resultados alcançados pela estratégia é a possibilidade de incorporação de novas práticas em
saúde, de modo a garantir a integralidade. Este estudo analisa a construção da integralidade a
partir de práticas de equipes de saúde da família no pré-natal. A pesquisa foi de natureza
qualitativa descritiva.
Os sujeitos do estudo foram vinte profissionais de saúde das categorias
que compõem a equipe mínima preconizada pelo Ministério da Saúde:
enfermeira, médica,
auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde que atuam no PSF há cinco anos
na mesma unidade e equipe. As técnicas utilizadas para a coleta de dados foram a entrevista
semi-estruturada e observação participante. Para análise dos dados utilizou-se a técnica do
Discurso do Sujeito Coletivo que possibilitou a captação da visão dos profissionais acerca das
mulheres atendidas, as práticas desenvolvidas e o conceito de integralidade construído a partir
dessas práticas. Os resultados demonstraram que com relação às mulheres atendidas, a
fragmentação e o reducionismo alicerçado aos papéis de gênero permanecem, as práticas
ainda centralizam-se nas questões reprodutivas, desfavorecendo a autonomia das mulheres e
os conceitos de integralidade consistem no acesso à rede hierarquizada de serviços de saúde,
no atendimento das demandas sociais que interferem na saúde e na oferta de ações contínuas e
sistematizadas. O tempo de atuação, o incentivo financeiro e as capacitações a que estes
profissionais tiveram acesso, não foram suficientes para garantir a produção de novas práticas
na perspectiva da integralidade, garantindo o potencial transformador do PSF.(AU)