Publication year: 2015
Introdução:
A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma enfermidade de prevalência e morbimortalidade elevada, sendo uma síndrome clínica complexa. Dentre suas repercussões sistêmicas, as manifestações respiratórias são proeminentes, sendo a dispneia uma das mais observadas, refletindo-se em alterações na função pulmonar e impacto na qualidade de vida. Objetivo:
Avaliar a função pulmonar, a intensidade de dispneia, a qualidade de vida e os fatores associados em indivíduos com insuficiência cardíaca, em classes funcionais I, II e III. Metodologia:
estudo transversal, realizado em ambulatório de referência para indivíduos com IC em Salvador-BA. Incluídos 50 indivíduos, em classe funcional I, II e III. Os dados foram analisados por meio de medidas de tendência central e de dispersão, as relações entre variáveis testadas por correlação de Pearson ou Spearman e por regressão linear multivariada. O teste de Kruskal-Wallis foi procedido para testar diferença entre grupos. Foram considerados estatisticamente significantes valores com intervalo de confiança maior que 95% (p ˂ 0,05). Resultados:
Predominaram sexo masculino (52%), renda familiar de aproximadamente dois salários mínimos, afrodescendentes; aposentados ou inativos, casados ou em relação estável. A idade média foi de 57 anos (± 13,3), a média de estudo foi de 8 anos (±14,6) e a média de acompanhamento ambulatorial, diagnóstico da IC e início da dispneia foi de 4 anos. Prevaleceu IC de origem ventricular esquerda, classe funcional II, etiologia chagásica, comorbidades como HAS, dislipidemia e diabetes mellitus tipo II. Os medicamentos mais utilizados foram os diuréticos, betabloqueadores, IECAs e digitálicos. Observou-se excesso de peso em 64% dos indivíduos. A avaliação da função pulmonar sugere a presença de distúrbio respiratório restritivo, leve (%VEF1 = 68,3; %CVF = 67,8; VEF1/CVF = 0,8). O escore total do Índice de Dispneia Basal de Mahler não indicou incapacidades devido à sensação de dispneia. O escore total do MLHFQ não demonstrou redução significativa na qualidade de vida da amostra. Não foi encontrada significância estatística para a relação entre a função pulmonar e o escore de dispneia. Identificou-se que quanto piores os resultados dos volumes pulmonares (%VEF1 e %CVF), pior a percepção de qualidade de vida dos indivíduos. Não houve significância estatística para os parâmetros da função pulmonar, qualidade de vida e intensidade de dispneia quando comparados pelas classes funcionais da IC, mas os valores absolutos demonstraram que a percepção de qualidade de vida, o impacto da dispneia e os percentuais de VEF1 e CVF foram piores entre os indivíduos na CF III. Conclusão:
a função pulmonar encontra-se reduzida nos indivíduos com IC, aproximando-se de valores característicos de distúrbios restritivos. A caracterização socioeconômica e clínica desses indivíduos é importante para uma melhor definição de seus prognósticos e no planejamento de seus cuidados pela equipe de enfermagem e multidisciplinar. Recomenda-se o monitoramento dos parâmetros de função pulmonar e dispneia nos indivíduos com IC, não só como indicadores prognósticos, mas também como indicadores de qualidade de vida.(AU)