Práticas gerenciais de enfermeiras em unidades de produção de serviços hospitalares
Publication year: 2011
Estudo sobre práticas gerenciais de enfermeiras em unidades de produção de serviços (UPS)
hospitalares, em um Hospital Público de Ensino de Salvador-Bahia tendo por objetivo geral:
analisar a prática gerencial de enfermeiras coordenadoras. Trata-se de estudo com abordagem
qualitativa, descritiva e exploratória. Como técnicas de coleta de dados utilizamos entrevistas
semi-estruturadas, observação assistemática e análise documental, com coleta de dados no
período entre outubro à dezembro de 2010. Os sujeitos do estudo foram cinco enfermeiras que
exerciam cargo de coordenação de unidades de produção de serviços com diferentes
complexidades e finalidades no referido hospital. O tratamento do material coletado foi
submetido à análise de conteúdo segundo Bardin (2004). Consideramos quatro categorias de
análise para apreensão do exercício da prática gerencial da enfermeira fundamentadas no
debate teórico sobre gestão em serviços de enfermagem, a saber: quanto à natureza das
atividades desenvolvidas, quanto à interação-articulação entre as coordenações, quanto à
autonomia e quanto ao uso de ferramentas gerenciais. Todos os sujeitos da pesquisa foram do
sexo feminino, com especialização na área clinica, porém sem capacitação específica gerencial.
Os resultados mostram que o conteúdo das práticas das coordenadoras concentrou-se para
atividades de supervisão-controle, planejamento, avaliação e capacitação; identificamos que as
enfermeiras detêm mais autonomia com a equipe de enfermagem, porém limitada para
questões macro da organização, principalmente para execução; no que tange a interaçãoarticulação com as demais coordenadoras, esta se restringe à discussão de problemas que
envolvem as unidades de produção, porém não ocorre para planejamento e avaliação dos
serviços. A análise das categorias foi permeada por fatores intervenientes positivos, como a
possibilidade de crescimento profissional e aprimoramento pessoal e, negativos, relacionados à
lentidão na resolutividade de problemas, recursos financeiros e de pessoal deficientes.
Constatamos que as práticas gerenciais adotadas remetem fortemente a teorias clássicas da
administração com conceitos intrínsecos de visões e atitudes centralizadoras e com divisão do
trabalho. Concluímos neste estudo que a prática gerencial de enfermeiras coordenadoras de
unidades de produção de serviços hospitalares encontra-se distante do necessário para
articulação, descentralização e efetividade, tendendo a reproduzir modelos tradicionais nos
quais predominam estruturas hierárquicas de controle e obediência às normas. De uma forma
geral consideramos que as profissionais se ressentem em sua prática de fragilidade teórica no
campo da gerência, além do uso limitado de ferramentas gerenciais que orientem o trabalho,
principalmente para avaliação. Esperamos que este estudo contribua para discussões sobre as
características, condicionantes e determinantes das práticas gerenciais de enfermeiras. (AU)