Juventude, sexualidade e reprodução em uma área rural da Bahia: Implicações para a enfermagem
Publication year: 2011
As diferenças sócio-econômicas, culturais, a falta de alternativas profissionais e as
dificuldades de acesso aos bens sociais de pessoas residentes nas áreas rurais, podem
influenciar o comportamento reprodutivo, sexual e vários aspectos da saúde, especialmente,
das mulheres jovens, tendo em vista as características das relações de gênero predominantes
na sociedade. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de caráter quantitativo, com os
objetivos de descrever as características sócio-demográficas, sexuais, reprodutivas e aspectos
de saúde de jovens residentes em uma área rural da Bahia; e analisar as proporções
encontradas entre mulheres e homens jovens rurais, a partir da perspectiva de gênero. Foi
desenvolvido em uma localidade rural do município de Camaçari/ Bahia. A amostra foi
composta por 303 jovens entre 15 e 24 anos de idade; cadastradas (os) pela Equipe de Saúde
da Família local e que aceitaram participar da pesquisa, sob o consentimento da(o)
responsável, para menores de 18 anos. A coleta dos dados foi realizada durante os meses de
abril a agosto de 2010, através de entrevistas domiciliares, com auxílio de um formulário com
perguntas estruturadas. O processamento dos dados foi realizado pelo programa STATA
versão 8 e SPSS 17.0, onde realizou-se análises descritivas (distribuição de frequências
relativas e índices percentuais). A juventude estudada foi predominantemente feminina;
adolescente entre 15-19 anos; negra; professante de alguma religião; solteira; composta por
jovens que não estudavam na ocasião da entrevista e com a 8ª série concluída como nível
máximo de escolaridade. Do total, 53,5% da amostra não tinha trabalho remunerado e 67%
recebia menos de 1 salário mínimo quando ocupada. A gravidez foi o principal motivo para o
abandono dos estudos e não conseguir emprego, a razão mais apontada para o desemprego.
As características sexuais revelaram que a juventude entrevistada havia iniciado a vida sexual,
principalmente entre 15-19 anos; a quase totalidade negou experiência homossexual; a
maioria considerável possuiu uma parceria sexual nos últimos 3 meses e utilizou o
preservativo masculino para prevenção das infecções sexualmente transmissíveis. Os aspectos
reprodutivos demonstraram que o preservativo masculino é o contraceptivo mais conhecido
pelo grupo investigado e a auto-decisão pelo método contraceptivo utilizado foi a mais
observada. As gravidezes aconteceram predominantemente entre 15-19 anos; sem
planejamento; foram acompanhadas pelo pré-natal e não houve a presença do parceiro no
momento do parto. No tocante aos aspectos de saúde investigados, a maioria considerável da
amostra não utilizava drogas e foi vítima de violência de qualquer natureza. Observou-se,
ainda, que houve procura por serviços de saúde pela juventude pesquisada, sendo a Unidade
de Saúde da Família o local mais procurado. Ficou evidente a importância da utilização de
gênero como categoria de análise que no caso particular desse estudo, foi capaz de imprimir
um novo perfil das características investigadas nesta população quando considerada a variável
sexo das (os) jovens. Particularmente para a enfermagem, o conhecimento das diferenças
sócio-demográficas, sexuais, reprodutivas e dos padrões de utilização dos serviços de saúde
entre mulheres e homens estudados implica na necessidade de inovação e adequação do
cuidado à realidade local. (AU)