Mulheres Negras e Brancas e o acesso aos serviços preventivos de saúde: uma análise sobre as desigualdades

Publication year: 2011

As desigualdades estruturam as relações sociais e determinam as condições de vida das pessoas. Em relação às desigualdades raciais na saúde, o racismo institucional é um fator determinante no acesso aos serviços de saúde, principalmente para as mulheres negras que sofrem com o impacto das intersecções das desigualdades de gênero e raça, situação que tem maior agravamento, quando comparada ao que ocorre com as mulheres brancas. Este estudo tem por objetivo geral analisar as desigualdades raciais no acesso de mulheres maiores de 25 anos aos serviços preventivos de saúde na Bahia; e, como objetivos específicos: analisar características sociodemográficas e de saúde de mulheres na Bahia, segundo raça/cor; determinar diferenciais das características sociodemográficas e de saúde, em relação ao acesso aos serviços preventivos de mulheres na Bahia, segundo raça/cor. Como modelo teórico, definiu-se pela Teoria da Determinação Social da saúde. Trata-se de um estudo descritivo de base populacional. Sendo a população definida para o estudo mulheres negras e brancas com 25 anos ou mais de idade, residentes na Bahia, que responderam ao questionário da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio (PNAD) do ano de 2008. Foram utilizados os programas SPSS 17.0 e o STATA (v. 8.0) para armazenamento, tratamento das variáveis e construção do indicador de acesso. Foram realizados teste qui-quadrado Pearson e exato de Fisher para verificar as diferenças entre as proporções das características sociodemográficas e dos níveis de acesso (bom, regular e ruim), segundo a raça/cor. Sobre as características sociodemográficas os resultados apontam que as mulheres negras representam 79,5% da população de mulheres na Bahia e, em relação ao nível de escolaridade, estão mais representadas no nível fundamental e médio e, em relação ao nível superior, as mulheres brancas (29,9%) superam quase quatro vezes mais (3,9) quando comparadas às negras (7,6%) (p< 0,000). Em relação às características do acesso e utilização dos serviços de saúde, e no que se refere à cobertura de plano de saúde, as mulheres negras, apenas 18,5% tem cobertura e as brancas chegam a 30,2% o quantitativo das que tem plano de saúde (p< 0,000). E sobre o acesso aos serviços preventivos de saúde e a raça/cor foi observado que, para o acesso considerado bom, as mulheres brancas representam 15,4%, enquanto que as mulheres negras 7,9% e, para o acesso regular, o indicador é representado por mais de 10% das mulheres (11,8% brancas; 13,6% negras) (p< 0,000).No entanto, no que se refere ao acesso ruim as mulheres tem uma alta concentração, chegando a mais de 70% (72,8% brancas; 78,6% negras). O estudo evidenciou que, em alguma medida, as desigualdades raciais gerada pelo racismo surgem como barreiras no acesso aos serviços preventivos de saúde para as mulheres negras. E que as desigualdades raciais são determinantes sociais de saúde, que impactam nas condições de vida, no processo de saúde-doença e no acesso aos serviços preventivos de saúde. (AU)