Avaliação da Qualidade dos Hospitais Públicos Baianos Segundo o Modelo de Gestão

Publication year: 2006

Este estudo tem por objetivo avaliar como os fatores de qualidade, no que se referem à estrutura, processo e resultado, e os modelos de gestão adotados pelos hospitais públicos baianos se interelacionam e influenciam os serviços de internação em clínica médica. Para tanto, foi realizada a revisão de literatura sobre avaliação da qualidade em serviços de saúde e sobre os modelos de gestão tradicional/burocrático e terceirizado, como forma de respaldar a análise dos resultados. Foi realizado um estudo quantitativo, avaliativo, exploratório e descritivo. De um universo de 43 hospitais públicos baianos foi selecionada probabilisticamente, uma amostra de dezenove hospitais. A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a abril de 2004 utilizando como instrumento o questionário. A análise dos resultados revela que, no contexto da Reforma Administrativa, de 1995, os fatores da qualidade desenvolvidos por Donabedian relativos à estrutura, processo e resultado, são insuficientes para a avaliação dos serviços de saúde, dado que esse método não considera o contexto no qual se insere as organizações hospitalares públicas, como diferentes modelos de gestão, porte e complexidade de atendimento, influenciando na sua qualidade. No que se refere a interelação dos fatores de qualidade observou-se que existe uma estreita relação entre as três dimensões, confirmando a afirmação de Donabedian de que boa estrutura pode garantir bom processo, mas má estrutura pode levar a processos inadequados e que boa estrutura e bom processo não necessariamente garantem bons resultados. Com relação aos modelos de gestão, os resultados indicam que eles influenciaram na qualidade da estrutura e do processo. No entanto, não se observou influência relevante deste aspecto sobre a qualidade dos resultados, especificamente, no que diz respeito à capacidade de oferta de internações. Os hospitais com gestão terceirizada apresentam mais indicadores positivos de qualidade, tanto para a estrutura, os processos e os resultados. Isso, contudo, não permite afirmar que os hospitais com este modelo de gestão sejam a solução para a melhoria da qualidade, dado que os melhores indicadores de estrutura e de processo apresentados por estes hospitais não determinaram relevante influência no resultado, medido, especialmente, pela capacidade de oferta. Isso indica que o modelo de gestão pouco influenciou na qualidade dos resultados. Em síntese, os modelos de gestão adotados pelos hospitais públicos baianos influenciam na estrutura e no processo, mas não determinam melhor qualidade dos resultados. Ambos apresentam as mesmas dificuldades com relação à oferta.(AU)