O cuidado dos idosos hipertensos: representações sociais de familiares
Publication year: 2005
Este é um estudo de ordem quantitativa e qualitativa fundamentado na Teoria das Representações Sociais, envolvendo multimétodos de coleta dos dados, objetivando:apreender as Representações Sociais elaboradas por familiares sobre o cuidado prestado a idosos hipertensos; identificar os cuidados implementados pelos cuidadores; conhecer as dificuldades encontradas para a realização dos cuidados; e verificar que percepção os cuidadores têm acerca dos cuidados implementados. Este estudo foi desenvolvido nos domicílios de familiares cuidadores de idosos hipertensos residentes em um bairro periférico da cidade de Jequié - Bahia, no período de abril a junho de 2004. Participaram desta pesquisa cem familiares cuidadores principais de idosos hipertensos, mediante o Teste de Associação Livre de Palavras. Trinta deles discorreram acerca de seu processo de cuidar. As palavras evocadas foram processadas no software EVOC e as entrevistas submetidas à Análise de Conteúdo. Os dados processados no software possibilitaram extrair o provável núcleo central das representações do cuidado com idosos hipertensos, que, de acordo com o senso comum, assume significados como: remédio, sal, alimentação, evitar contrariedades. Das entrevistas emergiram três categorias e dez subcategorias que responderam aos objetivos propostos. A categoria 1 – Implementando Cuidados, aponta para a pluralidade de atividades desempenhadas pelos cuidadores a partir de sua percepção das necessidades do idoso hipertenso. Os cuidados de controle são aqueles de que os cuidadores mais se ocupam. Nesta subcategoria estão incluídos o remédio, a alimentação, o preparo de chás, o apoio psicoemocional, o acompanhamento às consultas e exames, e o incentivo às atividades físicas. Comprar e oferecer remédios e supervisionar o seu uso é o cuidado mais importante na opinião dos cuidadores. Foi destacada também, pelos familiares, a influência das emoções no controle da Hipertensão Arterial. O nervosismo e a ansiedade foram percebidos como causa e efeito desta enfermidade. Quanto ao apoio à realização de atividades físicas, os relatos foram escassos e não-consensuais. A categoria 2 – Encontrando dificuldades para o Cuidado, revela os obstáculos encontrados na implementação destes, relacionados, em primeiro lugar, às atitudes pouco colaborativas do idoso com o tratamento, em decorrência do enfrentamento ineficaz das perdas na velhice e dos problemas do dia-a-dia. Associam-se a esta condição os problemas financeiros, a falta de orientação e sobrecarga do cuidador e a dificuldade de acesso aos serviços especializados de saúde. A categoria 3 – Percebendo os Cuidados Implementados, indica que a maioria dos cuidadores percebe o cuidado como gratificante, mas também como estressante, quando o idoso não está motivado para o tratamento, tem idade muito avançada, agrega co-morbidades e/ou apresenta complicações. Tais considerações induzem à necessidade do estabelecimento/incremento de parcerias interdisciplinares e intersetoriais, de motivar a convivência social do idoso e de despertá-lo para a construção de sua cidadania e instrumentalizar a família para o cuidado, visualizando-a como cliente e parceira da enfermagem, visando a um atendimento mais adequado à população idosa portadora de uma condição crônica como a Hipertensão Arterial. (AU)