Avaliação da cultura de segurança em unidades cirúrgicas de hospitais de ensino
Publication year: 2019
Esta pesquisa avaliativa de abordagem quantitativa analisou a cultura de segurança do paciente em unidades cirúrgicas de três hospitais de ensino da região Sul do Brasil. A população foi composta por profissionais de saúde, entre médicos assistenciais e residentes, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem lotados em unidades de internação cirúrgica e centro cirúrgico. A pesquisa foi realizada no período de maio de 2017 a março de 2018 com 381 participantes, sendo 158 do hospital federal, 121 do hospital privado e 102 do hospital estadual. A coleta dos dados foi realizada com a aplicação do instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture que mensura a percepção de profissionais sobre a segurança do paciente através de12 dimensões relacionadas ao hospital, à unidade de trabalho e às variáveis de resultado. Para a comparação entre os três hospitais utilizou-se o modelo de análise da variância (ANOVA) com um fator ou o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis. Em relação às variáveis categóricas as comparações foram feitas usando-se o teste de Qui-quadrado; valores de p<0,05 indicaram significância estatística. A confiabilidade do instrumento foi testada por meio do teste Alfa de Cronbach. Os resultados apontam que o tipo de gestão hospitalar e a categoria profissional estiveram associadas à percepção sobre a segurança do paciente. A única dimensão fortalecida (>75%) identificada foi "Trabalho em equipe dentro das unidades", com 77% de respostas positivas no serviço de saúde privado (p<0,001). Respostas fortalecidas na dimensão "Expectativas sobre seu supervisor/chefe e ações promotoras de segurança" foram expressas positivamente pela enfermagem nos hospitais públicos, estadual e privado. As dimensões "Apoio da gestão para a segurança do paciente", "Percepção geral da segurança do paciente", "Retorno da informação e comunicação sobre o erro", "Adequação de profissionais", "Passagem de plantão/turnos e transferências" e "Respostas não punitivas ao erro" apresentaram-se fragilizadas (<50%) nos três hospitais. Conclui-se que a gestão assumida no serviço de saúde privado beneficia a cultura de segurança, quando comparada à gestão pública estadual e federal. A enfermagem percebe mais favoravelmente a segurança do paciente. Os profissionais médicos e de enfermagem das unidades cirúrgicas dos hospitais avaliados expressam cultura punitiva frente aos erros, reforçando a necessidade de solidificar estratégias para a mudança deste paradigma.