Publication year: 2018
Objetivo:
Avaliar a dor relacionada à mucosite oral em crianças e adolescentes no período pós-transplante imediato de células-tronco hematopoéticas. Metodologia:
estudo de natureza quantitativa, do tipo descritivo e longitudinal. Aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Os locais do estudo foram três serviços de transplante de células-tronco hematopoéticas em Curitiba, Paraná. Participaram 25 crianças e adolescentes, que apresentaram mucosite oral no período póstransplante de células-tronco hematopoéticas. A coleta de dados ocorreu de novembro de 2016 a setembro de 2017 em duas etapas. Na primeira etapa, os participantes foram identificados quanto ao perfil sociodemográfico e clínico. A segunda etapa ocorreu diariamente (do Dia +1 do transplante até a remissão da mucosite) em três avaliações: 1) dados vitais; 2) grau de mucosite oral utilizando a escala de toxicidade oral da Organização Mundial da Saúde; 3) intensidade e qualidade da dor utilizando a escala de faces revisada e os cartões de qualidade da dor. A análise das variáveis quantitativas foi descrita por médias, medianas, valores mínimos, máximos e desvios padrões. As variáveis categóricas foram expressas por frequências e percentuais. A duração da mucosite oral foi estimada em tempo mediano e as análises comparativas ocorreram por meio do teste t de Student; teste exato de Fisher; coeficiente de correlação de Spearman e p-valor utilizando-se o IBM Statistical Data Analysis v.20.0. Resultados:
Os participantes tinham idade média de 125,9 meses, 56% eram do sexo masculino e 76% procedentes de outros estados. Quanto ao perfil clínico, 32% foram diagnosticados com leucemias, 96% receberam transplante alogênico, tendo a medula óssea como principal fonte de células tronco hematopoéticas (88%) e predomínio do condicionamento mieloablativo (60%). Dos 25 participantes, 56% apresentaram mucosite oral ulcerativa (grau 3 e 4), com duração mediana de 13 dias. O sétimo dia da mucosite foi mais expressivo, tendo sido caracterizado por maior média do grau de mucosite oral (2,5/0-4) e maior intensidade média de dor (3,9/0-10). A dor em orofaringe e em cavidade oral foi mais frequente e caracterizada como formigamento, dolorida e/ou queimação. Foi evidenciado que a intensidade da dor está correlacionada ao grau de mucosite oral (<0,001). Também ficou claro que houve associação entre a mucosite oral e a dor em orofaringe (<0,001) e em cavidade oral (<0,001). E os componentes sensoriais foram mais significativos para expressar a dor por mucosite oral (<0,001). As estratégias de gerenciamento da dor evidenciadas foram:
administração de fármacos opioides, fototerapia oral, uso de chá gelado e crioterapia. Conclusões:
A partir dos resultados deste trabalho foi possível concluir que a mucosite oral é a principal causa de dor em crianças e adolescentes submetidas ao transplante de células-tronco hematopoéticas e, apesar dos esforços da equipe, as estratégias têm sido pouco efetivas, uma vez que a dor é persistente e compromete o estado afetivo e emocional da criança. Portanto, espera-se que estes resultados contribuam para que as práticas de gerenciamento da dor neste contexto sejam reavaliadas e reestruturadas visando o bem-estar das crianças e adolescentes que passem pelo transplante de células-tronco hematopoéticas.
Abstract:
Aim: To assess pain related to oral mucositis in children and adolescents in the immediate post-transplant period of hematopoietic stem cells. Methodology:
this is a study quantitative, descriptive and longitudinal study. Approved by the Human Research Ethics Committee of the Clinical Hospital Complex of the Federal University of Paraná. The study sites were three hematopoietic stem cell transplantation services in Curitiba. Twenty-five children and adolescents who had oral mucositis in the post-transplant period of hematopoietic stem cells participated. Data collection took place in two stages between November 2016 and September 2017. In the first stage, participants were identified in terms of their sociodemographic and clinical profiles. The second stage occurred daily (from day +1 of transplantation to mucositis remission) in three stages: 1) vital signs; 2) the degree of oral mucositis was evaluated according to the World Health Organization oral toxicity scale; 3) the intensity and characterization with the The Faces Pain Scale - Revised and Pain Quality Cards. The analysis of the quantitative variables was described by averages, medians, maximum and minimum values, and standard deviations. Categorical variables were expressed by frequencies and percentages. The duration of oral mucositis was estimated in median time and comparative analyzes were performed using the Student's t-test; Fisher's exact test; Spearman's rank correlation coefficient and p-value. Using IBM Statistical Data Analysis v.20.0. Results:
Participants had an average age of 125.9 months, 56% were male and 76% were from other states. Regarding the clinical profile, 32% were diagnosed with leukemias, 96% received allogeneic transplantation, with bone marrow as main source of hematopoietic stem cells (88%) and predominance of myeloablative conditioning (60%). Of the 25 participants, 56% had ulcerative oral mucositis (grade 3 and 4), with a median duration of 13 days. The seventh day of mucositis was more expressive, being characterized by higher mean oral mucositis (2,5/0-4) and higher mean pain intensity (3,9/0-10). Pain in the oropharynx and oral cavity was more frequent and characterized as tingling, sore and / or burning. It was evidenced that pain intensity is correlated to the degree of oral mucositis (<0,001). It was also clear that there was an association between oral mucositis and oropharyngeal pain (<0,001) and oral cavity (<0,001). And the sensory components were more significant to express pain by oral mucositis (<0,001). The pain management strategies evidenced were administration of opioid drugs, oral phototherapy, use of iced tea and cryotherapy. Conclusion:
Based on the results of this study, it was possible to conclude that oral mucositis is the main cause of pain in children and adolescents submitted to hematopoietic stem cell transplantation and, despite the team's efforts, strategies have been ineffective once pain is persistent and compromises the child's affective and emotional state. Therefore, it is hoped that these results will contribute in order for pain management practices in this context to be re-evaluated and restructured for the well-being of children and adolescents undergoing hematopoietic stem cell transplantation.