Publication year: 2010
A saúde reprodutiva é influenciada por uma interação de fatores, entre eles os de ordem social e econômica aos quais se somam os problemas oriundos da atenção oferecida à saúde das mulheres que não tem atendido adequadamente às demandas, comprometendo assim sua qualidade de vida. O Programa Saúde da Família (PSF) por apresenta-se como possibilidade de se obter respostas mais efetivas, desenvolveu-se um estudo que teve como objetivos descrever as características das mulheres cadastradas em uma unidade de PSF com ênfase em eventos reprodutivos e verificar associações entre os fatores sociodemográficos e eventos reprodutivos. Trata-se de pesquisa de corte transversal, exploratória, realizada em uma área circunscrita a uma Unidade de Saúde da Família, no Subúrbio Ferroviário de Salvador-Ba. Os dados foram obtidos no período de maio a julho de 2009 por meio de questionário estruturado, aplicado face a face em domicílio a 376 mulheres na faixa etária de 15 a 49 anos cadastradas no PSF.
O estudo teve como variáveis:
os fatores sociodemográficos, fatores relacionados às experiências reprodutivas. Foram selecionadas como variáveis indicadoras à idade da iniciação sexual, idade da primeira gravidez e relato de aborto provocado. Utilizou-se para verificar diferenças entre as proporções os testes estatísticos c2 de Pearson e Exato de Fischer ao nível de 5% de significância (a 0,05) e a Odds Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança a 95% para estimar a magnitude das associações. A base de dados, foi constituída utilizando o Microsoft Access versão 2002, para análise dos dados utilizouse o Software STATA versão 8.0. Verificou-se uma associação positiva entre a idade da iniciação sexual e as variáveis escolaridade e situação ocupacional. A associação foi positiva entre primeira gravidez antes dos 20 anos e religião, escolaridade e situação ocupacional. Não houve associação entre os fatores sociodemográficos e o aborto provocado, entretanto, a maior prevalência foi entre as mulheres com melhores níveis de renda e escolaridade. O estudo revelou que mulheres com iniciação sexual antes dos 20 anos têm 4,4 vezes mais chance em realizar aborto provocado, quando comparadas com aquelas que não tiveram a iniciação sexual antes dos 20 anos. Não houve associação entre o relato de aborto provocado e as mulheres com primeira gravidez antes ou após os 20 anos. Diante dos resultados cabe ao poder público promover ações intersetoriais principalmente entre saúde e educação objetivando desenvolver ações que promovam desde a adolescência orientações que diminuam os riscos de gravidez não planejada e de IST/HIV garantindo-se os direitos sexuais e reprodutivos.(AU)