Clima de segurança do paciente em unidades críticas hospitalares: scoping review dos pontos fortes e fracos avaliados pelo Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ)

Publication year: 2019

Introdução:

A segurança do paciente é definida como a redução do risco de danos desnecessários até o mínimo aceitável, sendo considerada uma dimensão da qualidade da assistência. Dentre os pilares da segurança do paciente encontra-se a cultura da instituição, na qual o clima e a cultura organizacional oferecem entendimento das experiências que os profissionais vivenciam nos ambientes organizacionais. Portanto, o clima de segurança reflete a impressão dos profissionais sobre as questões de segurança no seu local de trabalho, em um determinado momento, constituindo a parte mensurável da cultura de segurança. A identificação de pontos fortes e críticos para a segurança do paciente contribui para o planejamento de ações gerenciais. A linha de pesquisa ao qual está inserido este estudo é "Gerenciamento do serviço de saúde e enfermagem".

Objetivo:

Identificar estudos que aplicaram o Questionário de Atitudes de Segurança (SAQ) em unidades críticas hospitalares; Verificar os pontos fortes e fracos do clima de segurança do paciente evidenciados por meio das dimensões do SAQ; Relacionar as estratégias de mudança adotadas a partir da avaliação do clima de segurança para melhoria da qualidade da assistência nas unidades críticas hospitalares.

Metodologia:

Trata-se de uma scoping review que apresentou como critérios de inclusão: estudos publicados em inglês, espanhol ou português a partir do ano de 2006 a 2019, que utilizaram o instrumento SAQ, SAQ-OR/SAQ versão CC e SAQ-UTI, elencando todos os domínios que compõem o instrumento nas unidades críticas hospitalares. As bases de dados para a averiguação dos estudos foram Medline/Pubmed, LILACS, CINAHL, Scopus, Web of Science e JBI Library. A seleção nas bases de dados e outras fontes resultaram em 2.111 estudos encontrados (2.103 artigos nas bases de dados e 08 estudos em outras fontes). Após leitura de título e resumo 2.011 estudos foram excluídos pois, não atenderam aos critérios de inclusão ou não apresentavam texto completo disponível. Posteriormente, restaram 100 artigos nos quais foi realizada a leitura integral dos textos, destes 70 eram duplicados e foram excluídos, restando 30 estudos Destes, 12 foram discordantes entre os dois revisores no processo de seleção independente, ao qual, houve necessidade de encaminhar para parecer do terceiro revisor que decidiu pela manutenção de 04 artigos e exclusão de 08 deles, totalizando uma amostra final de 22 estudos.

Resultados:

Evidenciou-se que o clima de segurança na UTI e CC é predominantemente fraco com escores abaixo do recomendado (<75 pontos). Na avaliação dos escores dos seis domínios que compõem o instrumento, a "Percepção da gerência" foi o ponto mais fraco apresentado nos estudos, enquanto a "Satisfação no Trabalho" foi o único item que apresentou escore para um clima de segurança do paciente positivo, o que evidencia que mesmo quando as dificuldades prevalecem na UTI e/ou CC, os profissionais manifestaram satisfação no trabalho que exercem, valorizaram os colegas e a sua unidade de trabalho. Estratégias para melhorias da qualidade da assistência e fortalecimento da segurança do paciente foram sugeridas e/ou recomendadas pela equipe e pelos autores as quais estas podem contribuir positivamente para o clima de segurança do paciente: Implementação eficaz e eficiente da cultura de segurança de programas de intervenção personalizados de acordo com as necessidades individuais do setor; Educação em serviço da equipe; Sistemas de relatórios de notificação de EA.

Conclusão:

O clima de segurança é percebido de forma distinta pelos profissionais de saúde e gestores, e avaliá-lo nas unidades é a ferramenta gerencial inicial que permite reconhecer os pontos fortes e fracos, para a qual a partir deste diagnóstico situacional a adoção de estratégias possam ser implementadas, reavaliadas se necessário, contribuindo na construção de novas práticas assistenciais em saúde, na qualidade da assistência e no desenvolvimento organizacional.

Abstract:

Introduction: Patient safety is defined as reducing the risk of unnecessary harm to the minimum acceptable and is considered a dimension of quality of care. Among the pillars of patient safety is the institution's culture, in which the climate and organizational culture offer an understanding of the experiences that professionals experience in organizational environments. Therefore, the safety climate reflects the professionals' impression of safety issues in their workplace at a given time, forming the measurable part of the safety culture. The identification of strengths and weakness for patient safety contributes to the planning of management actions. This study belongs to the research line "Health and Nursing Service Management".

Aim:

To identify studies that applied the Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) in critical hospital units; Verify strengths and weaknesses of patient safety climate evidenced by the SAQ dimensions; Relate the change strategies adopted after the safety climate assessment to improve the quality of care in critical hospital units.

Methodology:

This was a scoping review that presented as inclusion criteria: studies published in English, Spanish or Portuguese from 2006 to 2019, which used the SAQ instrument, SAQ-OR / SAQ CC version and SAQ-UTI, listing all the domains of the instrument in critical hospital units. The databases for investigating the studies were Medline / Pubmed, LILACS, CINAHL, Scopus, Web of Science and JBI Library. Selection in databases and other sources resulted in 2,111 studies found (2,103 articles in databases and 08 studies in other sources). After reading the title and abstract, 2,011 studies were excluded because they did not meet the inclusion criteria or did not have full text available. Subsequently, 100 articles remained in which the full reading of the texts was performed, 70 were duplicates and were excluded, leaving 30 studies. Of these, 12 were discordant between the two reviewers in the independent selection process, to which it was necessary to send for the third reviewer who decided to keep 04 articles, reaching a final sample of 22 studies.

Results:

It was evidenced that the safety climate in ICUs and SC is predominantly weak with scores below the recommended (<75 points). In the evaluation of the scores of the six domains of the instrument, "Management perception" was the weakest point presented in the studies, while "Job Satisfaction" was the only item that presented score for positive patient safety climate. This shows that even when difficulties prevail in ICUs and/or SC, professionals expressed satisfaction in their work, valued colleagues and their work unit. Some strategies for improving the quality of care and strengthening patient safety have been suggested and/or recommended by the team and the authors which can contribute positively to the patient safety climate: Effective and efficient implementation of the safety culture of intervention programs specifics for which needs; Education in service with the team; AE notification reporting systems.

Conclusion:

The safety climate is perceived differently by health professionals and managers. Assessing it in the units represents an initial management tool that allows to recognize the strengths and weaknesses and perform situational diagnosis to adopt strategies to be implemented, reevaluated if necessary, contributing to the construction of new health care practices, quality of care and organizational development.