Desenvolvimento organizacional da atenção primária à saúde: estratégias para o fortalecimento da segurança do paciente

Publication year: 2019

Resumo:

A segurança do paciente é uma dimensão fundamental para a qualidade em saúde, e visa promover a redução dos riscos de danos desnecessários associados à assistência de saúde. Sabe-se que a Atenção Primária à Saúde é a principal porta de entrada das redes de atenção, e muitas vezes, os eventos adversos são iniciados nesse cenário, com isso, nota-se que a cultura de segurança do paciente é vista como ponto de partida para compreender o cenário atual e planejar ações para o aperfeiçoamento do cuidado.

Os objetivos desse estudo foram:

descrever a cultura de segurança entre os enfermeiros da Atenção Primária à Saúde; Apresentar a cultura de segurança do paciente na perspectiva dos desafios a serem enfrentados na Atenção Primária à Saúde para o desenvolvimento organizacional; e elencar estratégias genéricas e específicas de mudança que fortaleçam a segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde. Trata-se de uma pesquisa descritiva, de abordagem quanti-qualitativa. A coleta de dados ocorreu de julho a dezembro de 2017, em 14 unidades de saúde: sete Estratégias Saúde da Família e sete Unidades Básicas de Saúde de um Distrito Sanitário de Saúde em Curitiba - PR. Participaram 52 enfermeiros.

O estudo foi dividido em três etapas:

descritiva, explicativa e prescritiva. Na etapa descritiva, utilizou-se o instrumento Medical Office Survey on Patient Safety Culture (MOSPSC), composto por 51 perguntas que medem doze dimensões da segurança do paciente. Os dados foram analisados por estatística descritiva, por meio da escala de Likert. Na explicativa, foi feita a análise da cadeia causal para identificação dos principais problemas relacionados à segurança do paciente. E por fim, na etapa prescritiva, efetuou-se a discussão da análise da cadeia causal à luz da teoria do desenvolvimento organizacional para propor ações estratégicas de melhorias para a segurança do paciente. Na sequência, realizou-se a validação de conteúdo das estratégias, por meio, do Índice de Validação de Conteúdo, Frequência absoluta e relativa das avaliações e a Porcentagem de Concordância. Como resultado, observou-se na etapa descritiva que a avaliação global da segurança do paciente nas unidades de saúde foi considerada positiva na percepção dos participantes, como 'bom' para 73,9% dos profissionais das UBS e "muito bom" para 50% da Estratégia Saúde da Família. Os principais problemas elencados na etapa explicativa foram relacionados aos equipamentos, exames, prontuários, quantitativo profissional, à pressa, ao fluxo de trabalho, à gestão do serviço, à quantidade ser mais importante que a qualidade, à troca de informação e aos profissionais que acreditam que os erros podem ser usados contra si. Tendo em vista esses problemas, na etapa prescritiva foram elaboradas estratégias genéricas e específicas para a melhoria da segurança do paciente na Atenção Primária, tais como, priorizar a segurança do usuário acima de metas financeiras e operacionais, incentivar a equipe na APS a notificação do evento adverso, realizar a vigilância, monitoramento e a notificação dos eventos adversos, entre outros. Na validação das estratégias pôde-se analisar que os participantes atestaram a qualidade do conteúdo das estratégias, pois 94,6% dos profissionais concordaram com a viabilidade do instrumento. Concluiu-se que com a elaboração das estratégias de melhoria, pode-se notar que a cultura de segurança no local de estudo apresentou potencialidades e fragilidades que necessitam ser trabalhadas. Deseja-se que as estratégias sugeridas possam fortalecer as equipes de saúde para o desenvolvimento de uma assistência segura, provendo uma cultura de segurança não punitiva.

Abstract:

Patient's safety is a key to health quality and aims to reduce the risk of unnecessary harm associated with health care. It's known that Primary Health Care is the main gateway for care networks, and errors, incidents, and adverse events are often initiated in this scenario. Based on that, it is understandable that the culture of security in Primary Health Care is seen as the starting point to understand the current scenario and plan actions to improve patient's safety.

The objectives of this study were:

describe the safety culture among Primary Health Care nurses; explain the patient's safety culture in the perspective of the challenges that are faced in Primary Health Care for organizational development; and identify generic and specific strategies for changing the strengthen patient's safety in Primary Health Care. It is a descriptive research with a qualitative-quantitative approach. Data collection took place in December 2017, in 14 health units: seven from Family Health Strategies and seven from basic health units in a Health Sanitary District in Curitiba, Brazil. 52 nurses participated.

The study was divided into three phases:

descriptive, explanatory and prescriptive. During the descriptive phase, the Medical Office Survey on Patient Safety Culture (MOSPSC) instrument was used. It contains 51 questions that measure twelve dimensions of patient safety. The data was analyzed by descriptive statistics, using the Likert scale. In the explanatory phase, a causal chain analysis was performed to identify the main problems related to patient safety. Finally, in the prescriptive stage, a discussion of causal chain was made in light of organizational development to propose strategic actions for improvements in patient safety. The content validation of the strategies was then validated by means of the Content Validation Index, absolute and relative frequency of evaluations and the Percentage of Concordance. As result, it was observed that the overall evaluation of patient safety in health units was considered positive according to the participant's perceptions, 73.9% of the professions of USB answered "good" and for the Family Health Strategies 50% as "very good". The main problems listed in the explanatory phase were related to equipment, exams, patient's medical record, professional quantification, workflow, service management, the quantity being more important than quality, information exchange and professionals who believed that mistakes could be used against them. In view of these problems, in the prescriptive phase, generic and specific strategies were developed to improve patient safety in Primary Health Care, such as prioritizing user safety over financial and operational goals, encouraging the team in APS to notify the adverse events, monitoring and reporting adverse events, among others. In the validation of the strategies it was possible to analyze that the participants attested the quality of the content of the strategies, since 94.6% of the professionals agreed with the viability of the instrument. It concludes with the elaboration of the improvement strategies, it can be recognized that it is a safety culture in the place of study presented the potentialities and fragilities that need to be improved. It is hoped that the suggested strategies can empower the health teams to development of a safe condition, providing a non-punitive safety culture.