Violência contra a mulher: uma proposta de indicadores de gênero na família
Violence against women: a proposal for family gender indicators
Publication year: 2010
Esta tese trata da relação entre desigualdade de gênero na família e a violência contra a mulher, com a finalidade de elaborar uma proposta de indicadores de gênero na família. Parte da constatação de que a violência doméstica não é um fenômeno recente e tem sido uma constante na sociedade, principalmente sobre os membros mais vulneráveis da família como mulheres, crianças e idosos. Especificamente contra a mulher, a violência persiste no tempo e se estende praticamente por todas as classes sociais, em diferentes culturas e sociedades. Daí a necessidade de conhecer em profundidade o fenômeno violência de gênero para enfrentá-lo com êxito, e os indicadores constituem um dos instrumentos viáveis para mensurar essa realidade. Para proceder à análise, este estudo apoia-se teoricamente no conceito de gênero de Joan Scott (1990) e toma como parâmetro os indicadores de (des)igualdade de gênero na família de Goldani (2000). Os sujeitos da pesquisa são 19 mulheres residentes em Curitiba-PR, com média de idade de 31 anos, portanto, mulheres em idade reprodutiva e em grande parte inseridas no mercado de trabalho, em sua maioria casada ou em união consensual estável, e distribuídas por todos os graus de escolaridade, desde o ensino fundamental até o nível superior. Selecionadas com base na Ficha de Notificação de violência contra a mulher, do Programa Mulher de Verdade, da Secretaria Municipal de Saúde-Curitiba, suas entrevistas resultaram, após a sistematização, em histórias de vida, conforme procedimento preconizado por Bourdieu (1997). Com o emprego da técnica de análise de Bardin (1977), das histórias de vida foram extraídas frases temáticas correspondentes a cada indicador e, com isso, foi possível construir os indicadores de subalternidade de gênero na família, proposta central deste estudo. Como uma das conclusões desta tese, aponta-se que a família, como unidade primáriade socialização, em que se produz e reproduz determinada desigualdade de relação de gênero, condiciona em muitos casos a violência contra a mulher e a vivência das (des)igualdades entre os sexos em outras esferas da vida social.
This dissertation deals with the relationship between gender inequality in the family and violence against women, and its purpose is developing a proposal for family gender indicators. It starts from the observation that domestic violence is not a recent phenomenon and has been constant in society, particularly against more vulnerable members of the family such as women, children and the elderly. More specifically against women, violence persists in time and permeates all social levels in different cultures and societies. Hence the need to study the gender violence phenomenon in depth if we are to stand up to it effectively, and indicators are one of the instruments available to measure this reality. In order to carry out the analysis, this study is theoretically based on Joan Scotts gender concept (1990) and the parameters used are (in)equality family gender indicators developed by Goldani (2000). The subjects of the research are 19 women residing in Curitiba-PR, averaging 31 years of age, and so, women in their reproductive years, generally active in the job market, most of them married or in stable consensual relationships, with education levels ranging from fundamental to higher education. Their selection was based on the violence against women notification record of the Mulher de Verdade program of Curitibas Municipal Secretariat for Health, and after being systematized, the interviews resulted in life stories, according to a procedure suggested by Bourdieu (1997). Through the use of Bardins analysis technique (1977), thematic phrases were extracted from the life stories and correspond to each indicator, which allowed the creation of family gender subjugation indicators the central proposal of this study. As one of this dissertations conclusions we point out that the family, as a primary socialization unit that produces and reproduces gender inequality, is, inmany cases, the vector of violence against women and (in)equality experiences between the sexes in other spheres of social living as well.