Publication year: 2010
Introdução:
O tratamento da dor pós-operatória neonatal é um desafio aos profissionais de saúde. A dor pós-operatória é causada por trauma tissular do procedimento cirúrgico, pela manipulação de dispositivos invasivos instalados para monitorar os sinais vitais e auxiliar na recuperação do neonato, dentre outras causas. Objetivo:
Descrever as práticas assistenciais de controle da dor pós-operatória neonatal implementadas em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital escola situado na cidade de São Paulo. Método:
Estudo transversal retrospectivo realizado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais com 43 recém-nascidos no período pós-operatório, internados entre julho de 2008 a junho de 2009. Os dados das primeiras 72 horas pós-operatórias foram obtidos dos prontuários e do instrumento Controle da Dor Pós-Operatória Neonatal. No instrumento, a enfermeira registra a avaliação da dor, sua ocorrência, tratamento farmacológico e não-farmcológico; foi instituído visando a proporcionar controle sistematizado, alívio da dor e conforto. Resultados:
Dos 43 neonatos inclusos no estudo, cinco foram submetidos a mais de uma cirurgia no período neonatal precoce, totalizando 50 intervenções cirúrgicas analisadas. A maioria dos neonatos, 55,8%, nasceu a termo, apresentou média de 5,9 dias de idade cronológica e média de peso de 2.495,6 gramas na data da cirurgia. Os diagnósticos pré-operatórios mais frequentes foram os relacionados às anomalias do sistema digestório: gastrosquise (41,8%) e atresia de esôfago (18,6%). Mantinham três ou mais dispositivos instalados no pós-operatório imediato (POI) 84,0% neonatos, no primeiro pós-operatório (1ºPO) 86,0%, e no segundo pós-operatório (2ºPO) 79,2% neonatos. O procedimento de aspiração da cânula orotraqueal e das vias aéreas superiores foi realizado em 78,0% dos neonatos no POI, em 64,0% dos neonatos no 1ºPO e em 50,0% dosneonatos no 2ºPO. As frequências de ocorrência da dor pós-operatória, com indicação de analgesia (pontuação CRIES 5) foram verificadas em 50,0% dos neonatos no POI, em 40,0% dos neonatos no 1º PO e, em 27,0% dos neonatos no 2ºPO. Fármacos analgésicos foram administrados em 96,0%, 98,0% e 89,6% dos neonatos durante os POI, 1ºPO e 2ºPO, respectivamente. Dipirona intravenosa intermitente foi administrada de forma isolada ou associada a outro analgésico em 86,0%, 90,0% e 81,2% neonatos nos POI, 1ºPO e 2ºPO, respectivamente. A todos os neonatos foram proporcionadas medidas não-farmacológicas isoladas ou combinadas, visando a prevenir ou aliviar a dor. O aninhamento foi o método de escolha, em especial, nos POI e 1ºPO. A ocorrência da dor aguda foi identificada (pontuação NIPS 3) antes e após procedimentos invasivos e verificou-se intensificação da resposta dolorosa. Conclusão:
A ocorrência da dor foi observada no pós-operatório a despeito do uso de analgésicos. Os resultados sugerem que, além da sistematização das avaliações da dor, a utilização de protocolos de analgesia farmacológica e não-farmacológica, no período pós-operatório neonatal, constituem medidas necessárias.
Introduction:
The postoperative pain treatment in neonates is challenging for the health care professionals. Postoperative pain is caused by tissue trauma related to the surgery, by manipulation of devices used to monitor vital signs and to facilitate the recovery of the neonates, amongst others causes. Objective:
To describe the care practices for controlling postoperative pain in a terciary Neonatal Intensive Care Unit (NICU) of a teaching hospital located at the city of São Paulo. Method:
Retrospective cross-sectional study, conducted at the NICU, which enrolled 43 postsurgical neonates between July 2008 to June 2009. Data were extracted from the medical records of each infant and from the Postoperative Pain Management Form regarding the first 72 hours of postoperative period. The form is completed by the nursing team with the following information:
pain assessment episodes, pain occurrence and pharmacological and non-pharmacological methods provided for pain relief and comfort. Results:
From the 43 neonates enrolled, five underwent two surgeries in the early neonatal period. Thus, the medical records of 50 infants during the first 72 hours of postoperative period were analyzed. The majority of the newborns (55.8%) was full term, mean postnatal age 5.9 days and mean weight 2495.6 grams on the day of the surgery. The majority of the infants had preoperative diagnoses related to the digestive system anomalies, such as gastroschisis (41.8%) and esophageal atresia (18.6%). Most of the neonates had three or more devices installed in the immediate post-operative period (IPO), 84.0%; during the first postsurgical day (1st PO), 86.0%, and during the second postsurgical day (2nd PO), 79.2%. Tracheal tube suctioning and upper airway suctioning were performed in 78.0% of the newborns during the IPO, in 64.0% newborns in the 1st PO and 50.0% of the neonates on the 2nd PO. Thefrequency of postoperative pain occurence and need of analgesia (CRIES scores 5) was observed in 50.0% (IPO), 40.0% (1st PO) and 27.0% (2nd PO) neonates. Pharmacological analgesia was administered to 96.0%, 98.0% and 89.6% of the infants during IPO, 1st and 2nd PO, respectively. Intermittent intravenous Dipyrone was administered alone or combined with another analgesic or sedative in 86.0%, 90.0% and 81.2% of the neonates in the IPO, 1st PO and 2nd PO, respectively. All infants received non-pharmacological interventions, alone or combined, to prevent or relieve pain. \"Nesting\" was the method of choice, especially during the IPO and 1st PO. The occurrence of acute pain was assessed (NIPS scores 3) before and after invasive procedures and pain responses after the procedures were intensified. Conclusion:
The occurrence of pain was observed in the postoperative period despite the use of analgesics. Results suggest that using pharmacological analgesia protocols and non-pharmacological treatment for postoperative pain combined to systematic pain assessments is necessary.