Gerenciamento de caso conduzido por enfermeiro para pessoas com acidente vascular cerebral: estudo de métodos mistos

Publication year: 2019

Resumo:

Introdução: O gerenciamento de caso é um modelo de cuidado que pode ser utilizado em situações complexas de saúde como no acidente vascular cerebral (AVC) e pode ser realizado pelos profissionais de saúde, como o enfermeiro que é indicado por seu conhecimento clínico e sua habilidade no cuidar.

Objetivo:

avaliar o efeito do gerenciamento de caso conduzido por enfermeiro na manutenção dos níveis pressóricos dentro dos parâmetros da normalidade e no controle de outros fatores de risco e apreender o significado do acompanhamento pelo enfermeiro nos cuidados de saúde pós-AVC.

Método:

Trata-se de um estudo de métodos mistos realizado em um município da região centro sul do Estado do Paraná no período de março de 2016 a dezembro de 2019.

Os participantes foram 14 pessoas diagnosticados com AVC internados em dois hospitais que atenderam aos critérios de inclusão:

idade de 18 a 64 anos, possuir diagnóstico de hipertensão arterial e residir no município.

A coleta de dados aconteceu em duas etapas:

para a abordagem quantitativa, foram levantados os dados sociodemográficos, o grau de comprometimento neurológico com auxílio de duas escalas e a adesão ao tratamento da hipertensão arterial sistêmica com um questionário eletrônico, a intervenção foi o gerenciamento de caso conduzido por enfermeira com acompanhamento por seis meses baseado na classificação de risco de uma escala que propõe ações de cuidado. Foram realizadas três visitas domiciliares, acompanhamento telefônico, com os participantes e/ou familiares, atividades educativas individuais e de encaminhamento para outros profissionais. Na abordagem qualitativa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas de 7 a 30 dias após o término da intervenção. Os dados quantitativos foram analisados de forma descritiva e por meio de teste de Fisher, o nível de significância adotado foi p < 0,05.Utilizouse o apoio de um software para a análise dos dados qualitativos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer nº 3.002.936.

Resultados:

Observou-se predominância do sexo masculino, faixa etária de 56 a 65 anos, casados ou em união estável, com 1 a 4 anos de estudo e com renda mensal de 1 a 2 salários mínimos. As ações desenvolvidas pelo enfermeiro gerente de caso durante as três visitas foram orientações sobre mudanças alimentares, adesão ao tratamento não medicamentoso, realização de atividade física e encaminhamento para profissionais de outras especialidades. Houve redução do tabagismo (p=0,0414); ingestão de bebida alcoólica (p=0,0000); consumo de sódio (p=0,0024); gordura (p=0,0027); carboidrato (p=0,0203); açúcar (p=0,0111). Não houve diferença significativa na média da redução dos valores da pressão arterial sistólica e diastólica, mas observou-se uma melhora nos valores pressóricos dos participantes ao longo do acompanhamento. Não houve melhora significativa também na adesão ao tratamento medicamentoso. Ressalta-se que durante o acompanhamento não houve hospitalizações e óbito.

As entrevistas possibilitaram o encontro de três categorias:

Autogestão do cuidado referente às mudanças de atitudes incentivadas pelo medo de um novo episódio de AVC; Sequelas e repercussões tardias do Acidente Vascular Cerebral a partir das limitações apresentadas pelos participantes pós-AVC; e Apoio recebido pós Acidente Vascular Cerebral relativo aos benefícios proporcionados pelo enfermeiro gerente de caso durante as visitas de acompanhamento.

Conclusões:

Não foi comprovada estatisticamente a interferência do gerenciamento de caso conduzido por enfermeiro na manutenção dos níveis pressóricos, porém verificou-se redução destes durante o acompanhamento. Em relação aos hábitos de vida, observaram-se mudanças relacionadas a aspectos nutricionais, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas. Os depoimentos dos participantes explicitaram que o gerenciamento de caso realizado pelo enfermeiro possibilitou a detecção das necessidades e a criação de uma rede de cuidados mais efetiva, demonstrando que o gerenciamento de caso é uma ferramenta capaz de promover a saúde e prevenir novas complicações.

Abstract:

Introduction: Case management is a health care model. It is used in complex health situations as a stroke and conducted by health professionals such as nurse with clinical knowledge and ability to nursing care.

Objective:

to evaluate the effect of nurse-led case management on maintaining blood pressure levels within the normal range, controlling other risk factors, and to grasp the significance of nurse follow-up in post-stroke health care.

Methods:

A mixed methods study carried out in a municipality in the central south region of the state of Paraná. From March of 2016 to December of 2019. The participants were fourteen in-patients diagnosed with stroke at two hospitals that met the inclusion criteria: age 18 to 64 years old, have a diagnosis of hypertension and reside in the municipality. Data collection took place in two stages. For the quantitative approach, a semi-structured instrument supported the gathering of sociodemographic data, two scales were used to know the degree of neurological impairment and the adherence to treatment of systemic arterial hypertension by means of an electronic questionnaire. The nurse conducted the case-management with follow-up for six months based on the risk classification by the Predictive Scale of Complications that proposes care actions. Also, carried out three home visits, telephone follow-up with participant and/or family, individual educational activities and referral to other professionals. For the qualitative approach, conducted semi-structured interviews between 7 and 30 days after the end of intervention. Quantitative data were analyzed descriptively and by Fisher's test, the significance level adopted was p < 0.05. For the analysis of qualitative data, a software was used. The Research Ethics Committee under opinion n º approved the project. 3,002,936.

Results:

Fourteen people participated in the study, predominance of males, aged 56 to 65 years old, married or in a stable union, with 1 to 4 years of study and monthly income of 1 to 2 minimum wages. The actions developed by the case manager nurse during the three visits were guidance on dietary changes, adherence to non-drug treatment, physical activity and referral to professionals from other specialties. The results showed a reduction in smoking (p = 0.0414); alcohol intake (p = 0.0000); sodium consumption (p = 0.0024); fat (p = 0.0027); carbohydrate (p = 0.0203); sugar (p = 0.0111). Presented an improvement in participants' blood pressure values during follow-up and no significant difference in mean reduction in systolic and diastolic blood pressure values and adherence to drug treatment. It is noteworthy that during follow-up did not have hospitalizations or death.

The interviews made it possible to identified three categories:

Self-care management related to changes in attitudes encouraged by the fear of a new episode of stroke; Sequel and late repercussions of stroke from the limitations presented by participants after stroke; and Support received after stroke related to the benefits provided by the case manager nurse during follow-up visits.

Conclusion:

The interference of case management conducted by nurse in maintaining blood pressure levels was not statistically proven, but there was a reduction during follow-up. Regarding lifestyle habits, observed changes related to nutritional aspects, smoking and alcohol consumption. The participants' statements made clear that the case management performed by the nurse enabled the detection of needs and the creation of a more effective care network, demonstrating that case management is a tool capable of promoting health and preventing further complications.