Vivências de enfermeiros no cuidado a criança vítima de violência intrafamiliar: uma análise fenomenológica
Nurses' experiences in care of children who are victims of family violence: a fhenomelogical analysis

Publication year: 2010

O fenômeno da violência é identificado como de difícil apreensão pelo grau de subjetividade e complexidade que contém, devendo ser analisado sob inúmeras perspectivas. A violência contra a criança privilegia as causas do problema e suas consequências físicas associadas às experiências acometidas no âmbito familiar. Este estudo apresenta a análise do fenômeno na perspectiva do enfermeiro, considerando o contexto de cuidado à criança, vítima de violência como seu mundo-vida. Para tanto, teve como objetivo "Compreender o típico da vivência dos enfermeiros no cuidado à criança, vítima de violência intrafamiliar, em unidades de emergência, cuidados intensivos e de internação". Foi conduzido um estudo qualitativo, tendo como referencial a Fenomenologia Social de Alfred Schultz. Foram realizadas entrevistas fenomenológicas com 15 enfermeiros que atuavam em unidades de emergência pediátricas, terapia intensiva infantil e unidades de internação na cidade de São Paulo, tendo como foco sua vivência de cuidado à criança vítima de violência intrafamiliar.

A análise pautada na teoria motivacional de Schultz permitiu a descrição do tipo vivido apoiado em três categorias concretas do vivido que expressam aspectos significativos da experiência do enfermeiro:

(1) o contato com a violência, (2) reações ambivalentes e (3) atitude profissional protetora. Os resultados revelaram que o mundo-vida do enfermeiro é identificado como um mundo de muitas diversidades onde lidar e cuidar da criança, vítima de violência, é definido como uma vivência geradora de sofrimento. O mundo-vida do enfermeiro é intersubjetivo desde seu início e as ações nele exercidas são eminentemente sociais. As motivações do enfermeiro que apontam para o futuro e explicam o projeto de ação em função das vivências pessoais são evidenciadas na geração de um ambiente protetor, diante da violência à criança.