Incontinência urinária aos esforços em idosas: elaboração de um guia educativo para o autocuidado

Publication year: 2018

Resumo:

As síndromes geriátricas são ocasionadas pelo declínio funcional na saúde de idosos e determinam a perda ou manutenção de sua qualidade de vida. Neste estudo, a síndrome trabalhada foi a incontinência urinária, com ênfase para a incontinência urinária aos esforços. Nesse sentido, elaborou-se a seguinte questão norteadora: Como as mulheres idosas com incontinência urinária aos esforços percebem o autocuidado? Objetivo geral: Elaborar um guia educativo para o autocuidado de idosas com incontinência urinária aos esforços.

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa metodológica de natureza mista, sustentada na Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), desenvolvida em um hospital público de referência no atendimento gerontológico, situado no Município de Curitiba no período de dezembro de 2017 a março de 2018. Os participantes do estudo foram 24 idosas com idade a partir de 60 anos atendidas nos ambulatórios de geriatria e urologia. A coleta de dados se deu por meio de entrevista com questionário semiestruturado. Para análise dos dados quantitativos foi utilizado o software Excel® e os dados qualitativos o software IRAMUTEQ, em que se empregou o método da classificação hierárquica descendente (CHD) e nuvem de palavras.

Resultados:

A idade variou de 60 a 101 anos, cor branca, predomínio do ensino fundamental e a maioria das participantes eram viúvas. A prevalência de incontinência urinária aos esforços foi de 42%. No que diz respeito aos antecedentes obstétricos 91,6% tiveram algum tipo de parto, com predomínio para o parto normal 66,6%, o número de gestações por participantes variou de 0 a 11, com predomínio de um a cinco correspondendo a 79,1%. Em relação as comorbidades, destacou-se a hipertensão arterial sistêmica em 54,1% e a maioria das participantes apresentava mais de três comorbidades 29,6%. Ao avaliar o índice de massa corporal, destacou-se o sobrepeso, presente em 46%. O padrão de fezes apresentou-se normal em 62,5%, com relação a ingesta hídrica 58,3% referiram ingerir dois litros de líquido ao dia. Sobre a frequência da perda urinária, 50% relataram perder urina de uma a duas vezes ao dia, seguido por 29,1% com perdas de 3 a 4 vezes ao dia. Do total de participantes, 54,1%, relatam usar algum dispositivo para absorção urinária. Quanto ao sentimento e conhecimento das causas da incontinência urinária aos esforços, 79% sentiam-se incomodadas com o problema e 79% não sabiam as causas da incontinência urinária aos esforços. Após análise dos dados qualitativos pelo IRAMUTEC, foram identificadas três classes distintas: Classe 3 - causas atribuídas a incontinência urinária; Classe 1 - O desconhecimento sobre o problema; Classe 2 - Percepções sobre a incontinência urinária. Com base na coleta de dados, ancorado nas percepções das idosas sobre incontinência urinária, foi elaborado e validado um guia educativo para o autocuidado como produto final deste estudo.

Considerações finais:

A prevalência da incontinência urinária, ao esforço foi semelhante aos estudos disponíveis na literatura. O desconhecimento acerca do problema ainda é muito frequente e considerado natural do processo do envelhecimento por muitas participantes, fato este que diminui a procura por orientações, diagnóstico e tratamento nos serviços de saúde. Desta forma, evidenciou-se que as participantes desenvolvem várias estratégias para amenizarem o problema, como uso de protetores para abrsorção da urina, deixam de sair de casa e de participarem de atividades sociais, dentre outras.

Abstract:

Geriatric syndromes are caused by the functional decline in the elderly health, and determine the loss or maintenance of their quality of life. In this study, the addressed syndrome was urinary incontinence, highlighting stress urinary incontinence. In this sense, the following guiding question was elaborated: How do elderly women with stress urinary incontinence perceive self-care? General objective: To elaborate an educational guide for the self-care of elder women suffering from stress urinary incontinence.

Methodology:

It is a mixed methodological research, grounded in the Convergent-Care Research, developed at a public hospital, reference in gerontological care, located in the Municipality of Curitiba from December, 2017 to March, 2018. The study participants were 24 older women, 60 years of age and older, seen to at the geriatrics and urology outpatient clinics. Data collection was carried out by means of an interview with a semi-structured questionnaire. For the analysis of the quantitative data, Excel® software was used, and for the qualitative data, IRAMUTEQ software was used, in which the descending hierarchical classification (DHC) and word cloud were employed.

Results:

Age ranged from 60 to 101 years, Caucasian, prevalence of middle school level (9 years of schooling), and most participants were widows. The prevalence of stress urinary incontinence was 42%. Regarding obstetric history, 91.6% had some type of childbirth, prevalence of normal childbirth (66.6%), the number of pregnancies per participant ranged from 0 to 11, with prevalence of one to five, accounting for 79.1%. In relation to comorbidities, systemic arterial hypertension stood out with 54.1%, and most participants featured over three comorbidities (29.6%). Assessment of BMI evidenced overweight in 46%. Fecal pattern was normal in 62.5%. In relation to liquid intake, 58.3% reported to have two liters of liquid a day. On the frequency of urinary incontinence, 50% reported urine loss once or twice a day, followed by 29.1% with losses 3 or 4 times a day. From the total of the participants, 54.1/% reported the use of a device for wetting prevention. As for the feeling and knowledge of the causes for stress urinary incontinence, 79% were disturbed by the condition, and 79% did not know the causes for the stress urinary incontinence. After the analysis of the qualitative data by IRAMUTEC, three distinct classes were identified: Class 3 - attributed causes for urinary incontinence; Class 1 - Lack of knowledge about the problem; Class 2 - Perceptions on urinary incontinence. Based on the data collection, anchored in the elderly women's perception on urinary incontinence, an educational guide was elaborated and validated for self-care as the end-product of the study.

Final Considerations:

The prevalence of stress urinary incontinence was similar to studies available in the literature. Lack of knowledge about the condition is very frequent, and considered natural to the aging process for many participants, which reduces the search for guidance, diagnosis and treatment in healthcare services. Thus, it was evidenced that participants develop several strategies to relieve the condition, such as the use of absorbable pads, quit leaving home and participating in social activities, among others