Indicadores para avaliação da efetividade assistencial de hospitais

Publication year: 2019

Resumo:

Introdução: Indicadores de efetividade prestam-se a nortear os hospitais a avaliarem apropriadamente os resultados da assistência que oferecem. Há descrição na literatura sobre os atributos recomendáveis a indicadores de desempenho, contudo não foram validados por especialistas os indicadores de efetividade hospitalar com mais atributos para captar esta dimensão que expressa a qualidade dos resultados da assistência. Considera-se que um indicador de efetividade ideal é aquele que tem mais atributos para capturar o efeito de processos assistenciais na saúde e no bem estar dos pacientes.

Objetivo:

Validar um rol de indicadores selecionados na literatura nacional e internacional que possibilitem a medida da efetividade da assistência em hospitais e suas respectivas fichas técnicas.

Método:

Estudo descritivo-exploratório, de abordagem mista do tipo survey, com 52 participantes recrutados pela técnica de bola de neve (pesquisadores, docentes ou técnicos brasileiros experientes em indicadores), mediante a Técnica Delphi eletrônica, em duas rodadas, entre maio a setembro de 2017. Para cada indicador foi elaborada uma ficha técnica, fundamentada na literatura, aperfeiçoada nas duas rodadas pelos especialistas.

Cada indicador foi avaliado quanto à sua correspondência a onze atributos de qualidade:

disponibilidade; confiabilidade; simplicidade; representatividade; sensibilidade; abrangência; objetividade; baixo custo; utilidade; estabilidade e tempestividade. Estipulou-se o consenso mínimo entre as respostas dos especialistas de 70% para validação de conteúdo. Os dados foram submetidos à análise descritiva uni e bivariada, e as sugestões às fichas técnicas foram incorporadas com respaldo na literatura, nas duas rodadas.

Resultados:

Foram validados 17 indicadores na dimensão segurança do paciente, quatro na dimensão cuidado centrado no paciente e 11 na dimensão efetividade clínica.

Os trinta e dois indicadores validados são:

cirurgia no local errado do corpo do paciente; cirurgia realizada no paciente errado; material estranho deixado no corpo durante um procedimento; deiscência de ferida pós-operatória; embolia pulmonar ou trombose venosa profunda pós-operatória; fratura de quadril por queda em pacientes internados; fratura de quadril pós-operatória por queda em pacientes internados; incidentes graves relacionados a equipamentos; incidentes devido a falhas de identificação do paciente; hemorragia ou hematoma pós-operatório em cirurgias de grande porte; infecção de sítio cirúrgico em cirurgias limpas; quedas com dano em pacientes internados; lesão por pressão; densidade de infecção primária de corrente sanguínea em pacientes em uso de cateter venoso central, internados em unidade de terapia intensiva de adulto; densidade de infecção do trato urinário associada ao cateter vesical de demora em pacientes internados em UTI; reação transfusional graus II, III e IV; reações hemolíticas por incompatibilidade sanguínea; satisfação do paciente; cirurgias canceladas no dia agendado; recomendação do hospital pelo paciente; envolvimento do paciente com o próprio cuidado; mortalidade cirúrgica padronizada; óbitos em grupos de diagnósticos relacionados de baixa mortalidade; densidade de incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica em UTI adulto; pneumotórax iatrogênico; sepse pós-operatóra; mortalidade institucional padronizada; reinternação não programada pós-alta hospitalar; reinternações na UTI durante a permanência do paciente no hospital; readmissão no serviço de emergência adulto do hospital; infecções resistentes em UTI (MRSA e VRE); mortalidade em UTI adulto.

Os sete indicadores não validados são:

complicações anestésicas; erro de medicação; adesão institucional à estratégia multimodal de higiene de mãos; compreensão dos pacientes sobre sua medicação (transição do cuidado); pacientes informados pela equipe sobre a ocorrência de incidentes com danos; orientação ao paciente (comunicação eficaz e informação transparente); percepção do paciente sobre a efetividade da preparação para sua alta. O atributo disponibilidade dos dados não alcançou o consenso mínimo em sete indicadores.

Conclusão:

Os indicadores validados permitem o monitoramento da efetividade assistencial e, os não validados podem também ser utilizados, mediante o atendimento de recomendações específicas e estratégias para a disponibilização de dados institucionais.

Abstract:

Introduction: Indicators of effectiveness are intended to guide hospitals to appropriately evaluate the results of the care they provide. Even though there exists a description in the literature about the recommended attributes for performance indicators, those of hospital effectiveness, with extra attributes to capture the dimension of quality of care outcomes, have not yet been validated by specialists. It is assumed that an ideal effectiveness indicator is one that has more attributes to capture the effect of care processes on patients' health and well-being.

Objective:

To validate a selection of indicators, from both national and international literature, that would make it possible to measure the effectiveness of care in hospitals.

Method:

A descriptive-exploratory study, with a mixed approach of the survey type, with 52 participants recruited by the technique of snowball (researchers, teachers or Brazilian technicians experienced in indicators) using the Delphi Electronic technique in two rounds between May and September of 2017. Data were submitted to univariate and bivariate descriptive analysis.

Eleven quality attributes for each indicator were evaluated:

availability; reliability; simplicity; representativeness; sensitivity; comprehensiveness; objectivity; low cost; utility; stability; and timing.

Results:

In the patient safety dimension, seventeen of twenty indicators were validated; in the patient-centered care dimension, four of eight indicators were validated, and in the clinical effectiveness dimension, all eleven indicators were validated. The thirty-two validated indicators are: surgery at the wrong site of the patient's body; surgery performed on the wrong patient; foreign material left in the body during a procedure; postoperative wound dehiscence; pulmonary embolism or deep postoperative venous thrombosis; hip fracture due to fall in hospitalized patients; postoperative hip fracture due to fall in hospitalized patients; serious incidents related to equipment; incidents due to patient identification failures; hemorrhage or postoperative hematoma in large surgeries; surgical site infection in clean surgeries; falls with damage to hospitalized patients; pressure injury; density of primary bloodstream infection in patients using a central venous catheter admitted to an adult intensive care unit; density of urinary tract infection associated with delayed bladder catheter in ICU patients; degree II, III and IV transfusion reaction; hemolytic reactions due to blood incompatibility; patient satisfaction; surgeries canceled at the scheduled date; hospital recommendation by the patient; involvement of the patients with their own care; standardized surgical mortality; deaths in related groups of low mortality; incidence density of ventilator-associated pneumonia in adult ICU; iatrogenic pneumothorax; postoperative sepsis; standardized institutional mortality; nonscheduled rehospitalization after hospital discharge; readmissions in the ICU during the patient's stay in the hospital; readmission to the hospital emergency room; resistant infections in ICUs (MRSA and VRE); mortality in adult ICU.

The seven indicators that have not been validated are:

anesthetic complications; medication error; institutional adherence to the multimodal hand hygiene strategy; patients' understanding of their medication (care transition); patients reported by the team on the occurrence of incidents with damage; patient guidance (effective communication and transparent information); perception of the effectiveness of the preparation for discharge. The data availability attribute did not reach the stipulated minimum consensus of 70% for validation in seven indicators.