Incapacidade em pessoas com dor lombar crônica: prevalência e fatores preditores
Disability in chronic low back pain: prevalence and predictors

Publication year: 2010

INTRODUÇÃO:

A incapacidade relacionada à lombalgia crônica é um fenômeno complexo, multideterminado e pouco compreendido.

OBJETIVO:

Identificar a prevalência, caracterizar a incapacidade e identificar os fatores preditores independentes de incapacidade em pessoas com dor lombar crônica.

MÉTODO:

Estudo transversal com amostra não probabilística de 215 adultos com dor lombar crônica (idade média 45 anos; DP=11,1, 65% eram mulheres, média de escolaridade de 11 anos, média da intensidade da dor de 7,3; DP=2,3) atendidos em 3 serviços de saúde e trabalhadores de duas indústrias.

Os dados foram coletados entre janeiro e novembro de 2008 e os participantes responderam a 8 instrumentos:

a Ficha de Caracterização, o Oswestry Disability Index, o Questionário de atividade física habitual de Baecke, a Escala de Auto-eficácia para Dor Crônica, Inventário de Atitudes frente à Dor, a Escala Tampa de Cinesiofobia, Inventário de Depressão de Beck, a Escala de Fadiga de Piper Revisada. Após testes de confiabilidade de todos os instrumentos, o Questionário de atividade física habitual de Baecke foi excluído. Utilizaram-se os pontos de corte previstos nas Escalas e determinaram-se pontos de corte para as variáveis: auto-eficácia, medo e evitação da dor e fadiga.

RESULTADOS:

A prevalência de incapacidade foi de 53% e a maior parte dos indivíduos apresentou incapacidade de moderada a severa (68%). Na análise univariada, 19 dos 20 fatores investigados apresentaram associação com incapacidade: sexo, idade, escolaridade, situação de trabalho, renda familiar, IMC, intensidade da dor, duração da dor, depressão, fadiga, crença de auto-eficácia, crença de medo e evitação da dor, crença de controle, crença de emoção, crença de que dor incapacita, crença de dano físico, crença de solicitude, crença de medicação e crença de cura médica. Na análise de regressão múltipla identificaram-se quatrofatores associados independentemente à incapacidade: afastamento do trabalho, crença de auto-eficácia frente à dor baixa, crença de medo e evitação da dor alta e dor intensa.

CONCLUSÕES:

A chance de incapacitação para indivíduos sem trabalho foi 219% maior; aqueles com auto-eficácia baixa apresentaram chance 113% maior de ter incapacidade; os indivíduos com elevado medo e evitação da dor apresentaram chance de incapacidade 41% maior do que para os demais e, para os indivíduos com dor intensa, a chance de ter incapacidade foi 30% maior. Os quatro fatores preditores observados são passíveis de mudança. Intervenções como a recolocação do indivíduo no trabalho, a minimização da intensidade da dor e a reconceituação das crenças de auto-eficácia baixa e de elevado medo e evitação da dor devem ser implementadas nos programas de reabilitação, visando à prevenção e redução da incapacidade em pessoas com dor lombar crônica.

INTRODUCTION:

Disability related to chronic low back pain is a complex, multidimensional and misunderstood phenomenon.

AIMS:

To identify the disability prevalence, its characteristics and independent predictors in chronic low back pain adults.

METHOD:

Cross-sectional study, non-probabilistic sample of 215 individuals from three health services and two industries: mean age=45 years (SD=11.1), female (65%), 11 years of schooling (SD=3.5) and mean pain intensity=7.3 (SD=2.3). Data collection was from January to November, 2008.

Respondents answered 8 instruments:

Identification Form, The Oswestry Disability Index, The Baecke Habitual Physical Activity Questionnaire, The Chronic Pain Self-efficacy Scale, Survey of Pain Attitudes, Tampa Scale Kinesiophobia, Beck Depression Inventory, Revised Piper Fatigue Scale. The psychometric properties of the instruments were analyzed and The Baecke Habitual Physical Activity Questionnaire was excluded after unsatisfactory reliability tests results. The instruments that had cut-points previously defined were assumed and specific cut-points were established to self-efficacy, fear-avoidance pain and fatigue for this sample.

RESULTS:

The prevalence of disability was 53% and it was moderate to severe in 68% of the sample. 19 out of 20 explored variables were associated with disability (p.